Cresci sem Barbie, aliás eu e minha irmã crescemos sem Barbie. Não havia dinheiro para mamãe comprar a boneca desejada pelas meninas da minha época. Lembro bem de um choro sentido da minha irmã que, na necessidade pueril de ter uma Barbie, disse a mamãe que choraria um dilúvio até ganhar uma Barbie. Virou “meme” dos anos 1990 em minha família essa frase dela, que em nada é fictícia. Respeito essa boneca, jovem senhora, que representa um padrão de beleza tão distante da realidade de muitas mulheres, mas, em todo caso, é um padrão de beleza. Confesso que, por muitas vezes, falei sobre o padrão de beleza da Barbie em sala de aula. Inalcançável, eu sei, mas linda essa boneca. Ícone da beleza, claro, ainda que seja uma beleza que não represente nem um terço das mulheres reais, com olhos escuros, cabelos crespos, cintura larga, pernas mais grossas, porém, mulheres, com desejo, com sonhos e com a possibilidade de serem musas de alguém. Não vou ao cinema assistir ao filme. Não critico minhas amigas postando fotos de Barbie, indo vestidas de rosa ao cinema. No entanto, eu prefiro ser eu, com aquela celulite aqui, aquela gordura acolá, mas real, viva, cheia de qualidades e defeitos. Barbie não, mas mulher da vida real. Porque é no real que a gente vive, a gente ama, a gente sente e a gente sonha.