19/05/2024 às 11h52min - Atualizada em 19/05/2024 às 11h52min

UENP cria Curso de Tecnologia em Fruticultura para atender vocação do Norte Pioneiro

AEN

SETI-PR
A Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) vai implantar o Curso de Tecnologia em Fruticultura, autorizado no mês passado pelo Governo do Estado. Vinculado ao Centro de Ciências Agrárias do câmpus Luiz Meneghel, em Bandeirantes, o novo curso de graduação visa atender à vocação regional do Norte Pioneiro e será ofertado na modalidade presencial, na cidade de Santo Antônio da Platina. Anunciado nesta quinta-feira (16), o curso é o primeiro da UENP para habilitação de profissionais tecnólogos. 

Haverá ingresso de 25 estudantes por ano. Para a primeira turma, a UENP está organizando uma seleção exclusiva e gratuita, com base na média aritmética do histórico escolar do Ensino Médio. A proposta ainda vai passar pela apreciação e aprovação do Conselho Universitário (Consuni), com expectativa de publicação do edital ainda neste mês de maio e matrículas e começo das aulas em agosto deste ano. As demais turmas entrarão a partir de dos vestibulares da instituição de ensino superior.


As aulas do novo curso acontecerão no período noturno, no Centro de Desenvolvimento, Tecnologia e Inovação (CDTI), a partir de uma parceria firmada entre a UENP e o município de Santo Antônio da Platina. O CDTI foi inaugurado em 2020, depois de receber investimento público do Estado, da ordem de R$ 1,4 milhão, para a reforma estrutural do prédio e a compra de equipamentos. Os recursos foram assegurados pelo Fundo Paraná, dotação orçamentária administrada pela Seti para o fomento científico e tecnológico.

O Curso de Tecnologia em Fruticultura recebeu parecer favorável da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), com base na Lei nº 20.933/2021, a chamada Lei Geral das Universidades (LGU). Essa normativa reforça a autonomia administrativa, didático-científica e de gestão financeira e patrimonial das sete universidades estaduais do Paraná. A nova graduação foi constituída sem ônus de contratação de professores ou outros investimentos do Tesouro Estadual.

Segundo o secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, Aldo Nelson Bona, o novo curso atende a uma demanda regional para formação na área da agricultura. “Considerando que o Norte tem a fruticultura como uma atividade importante, sobretudo na agricultura familiar, é fundamental propiciar oportunidades de formação profissional para o emprego de técnicas mais adequadas para o cultivo, a fim de aumentar a produtividade e a geração de emprego e renda, principalmente nas pequenas propriedades rurais”, afirmou.

Ele reforça a importância de alinhamento estratégico das ações desenvolvidas pelas instituições de ensino superior ligadas ao governo com as vocações regionais. “Essa nova graduação está sendo implantada de forma alinhada com uma orientação do governador Carlos Massa Ratinho Júnior, para que as universidades estaduais possam, cada vez mais, atender demandas das áreas de abrangência”, salientou.

MERCADO

Reunindo milhares de produtores, o Norte Pioneiro se destaca como polo de fruticultura, sendo a região do estado que mais produz goiaba e morango. Em 2020, segundo dados da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o Valor Bruto de Produção (VBP) anual da região era de aproximadamente R$ 168,8 milhões. A localização estratégica possibilita a comercialização com grandes centros consumidores, como São Paulo, Curitiba e Londrina, além de abastecer o comércio e as indústrias de polpas locais.

Com 44.369 habitantes, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Santo Antônio da Platina assume posição de destaque na produção e comercialização de melão, laranja, banana, maracujá, abacate e abacaxi.

Situado nas bacias hidrográficas do Ribeirão Boi Pintado e do Rio das Cinzas, o município também produz trigo, café arábica, mandioca, tomate, feijão, palmito, cebola, arroz, alho e amendoim. A área total de cultivo alcança a marca de 58.655 hectares destinados para lavouras permanentes e temporárias, matas naturais, pastagens cultivadas e diversas outras culturas.

O reitor da UENP, Fábio Antonio Néia Martini, destaca um compromisso com a qualificação de profissionais para o setor agrário. “A universidade ingressa nesse cenário contribuindo com a formação de recursos humanos qualificados, baseado na excelência do ensino, pesquisa e extensão”, disse. “Estamos empenhados em preparar profissionais capacitados para o segmento da fruticultura e ampliar ainda mais a atuação da nossa universidade em segmentos do agronegócio”, afirmou.

De acordo com o projeto pedagógico do Curso de Tecnologia em Fruticultura da UENP, a nova graduação foi planejada num cenário educacional associado ao contexto de mercado e vocação regional, envolvendo aspectos de desenvolvimento econômico, social e ambiental. O objetivo é formar profissionais de nível superior para contribuir com o aumento da produtividade e rentabilidade das principais plantas frutíferas da região, sem perder de vista a modernização tecnológica, o aumento da competitividade empresarial e a sustentabilidade das cadeias produtivas.

Para a professora Aline Vanessa Sauer Zawadzki, coordenadora do curso superior de Tecnologia em Fruticultura da UENP, os estudantes terão uma formação completa para o mercado da região. “O curso de Tecnologia em Fruticultura vai proporcionar oportunidades desde o início da cadeia produtiva da fruticultura até o processo de industrialização ou comercialização das frutas, de forma que a expectativa é que os futuros tecnólogos concluam a graduação bem colocados no mercado de trabalho, inclusive na região”, explicou.

ATIVIDADES DE ENSINO

Com carga horária total prevista de 2.400 horas, o curso superior de Tecnologia em Fruticultura faz parte de um eixo tecnológico denominado recursos naturais. O projeto pedagógico estabelece que a graduação será realizada no regime seriado semestral, com um período de integralização de no mínimo três anos e no máximo cinco anos. Algumas aulas práticas serão ministradas em laboratórios didáticos e na fazenda experimental localizada no câmpus de Bandeirantes. Também estão previstas visitas técnicas em propriedades rurais de produtores da região.

Entre as disciplinas do currículo comum estão biologia, bioquímica, botânica, cálculo, estatística, física, fisiologia vegetal, química e química orgânica.

No currículo profissionalizante, os alunos irão aprender sobre agroecologia, agrometeorologia, agronegócio e cadeias produtivas, biotecnologia e melhoramento vegetal, ciência do solo, empreendedorismo e gestão, extensão rural, fertilidade do solo e adubação, fisiologia, irrigação, legislação, manejo de plantas invasoras, microbiologia agrícola, produção orgânica, sensoriamento remoto e geoprocessamento, viveiro e produção de mudas, entre outras

Conforme o Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia (CNCST), os campos de atuação do profissional em fruticultura abrangem: cooperativas e associações; empresas de comercialização de insumos e produtos destinados ao cultivo de frutas,0 empresas de consultoria, planejamento, elaboração de projetos e assessoramento técnico; propriedades rurais e empreendimentos da agricultura familiar; institutos e centros de pesquisa; instituições do setor público; entre outras organizações.


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