Divulgação/Arquivo A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba informou, nesta segunda-feira (13/5), que a cidade já registrou 204 casos de Hepatite A entre 1º de janeiro e 10 de maio de 2024. A situação atípica deste ano configura surto da doença na capital paranaense, diferente de anos anteriores, quando eram contabilizadas poucas contaminações pelo vírus A da Hepatite. A série histórica da Hepatite A em Curitiba, entre 2012 e 2023, contabiliza 134 casos no período, com uma média de 12 confirmações ao ano.
Segundo análise do Centro de Epidemiologia da SMS, a maioria dos casos acomete adultos jovens, principalmente homens entre 20 e 39 anos (157 confirmações – 77%). As mulheres correspondem a 23% dos casos (47 confirmações). “A atenção à higiene é a principal orientação. Tanto na hora de se alimentar e depois de usar o banheiro, quanto nas relações sexuais, que devem ser protegidas com o uso de preservativos”, orienta o médico Alcides de Oliveira, diretor do Centro de Epidemiologia da SMS.
De acordo com Oliveira, o vírus da Hepatite A pode permanecer ativo nas fezes da pessoa que foi contaminada por até cinco meses, mesmo depois de não apresentar mais sintomas. “Essa é uma característica do vírus que mostra seu potencial de transmissão e que determina atenção para evitar novos casos”, alerta o médico.
Casos graves
Geralmente benigna e mais comum entre crianças, que apresentam casos leves da doença e com rápida recuperação, a Hepatite A em adultos pode ser mais grave, comprometendo de forma aguda o fígado, o que pode levar a internamentos e até a morte.
Dos 204 casos confirmados, 46% necessitaram internamento (93 pessoas) e 4,5% (9 pessoas) precisaram de cuidados intensivos em UTI. Um homem de 46 anos precisou de transplante hepático em função da Hepatite A aguda. Em 2024, três pessoas morreram em Curitiba em decorrência da doença: uma mulher de 29 anos e dois homens, de 40 e 60 anos.
Desde 2014, a vacina contra Hepatite A está disponível no SUS para crianças até 5 anos, além de grupos de pessoas com imunossupressão. Só é necessária uma dose da vacina contra a Hepatite A para garantir imunidade contra a doença. Quem teve hepatite na infância também está protegido contra o vírus (Veja abaixo quem tem direito à imunização). “Com as crianças protegidas por meio da vacina, o vírus encontrou o público adulto jovem vulnerável, que é a faixa etária predominante no surto da doença este ano em Curitiba”, explica Alcides de Oliveira.
Sinais e sintomas
Os sintomas iniciais da Hepatite A são fadiga, mal-estar, febre e dores musculares, que podem ser facilmente confundidos com outras doenças, como a dengue, por exemplo. De acordo com o médico da SMS, nesse período inicial de sintomas é importante evitar a automedicação, que pode dificultar o diagnóstico diferencial, além de comprometer o fígado, que já está fragilizado pela doença. O ideal é buscar atendimento em uma unidade de saúde ou através da Central Saúde Já – 3350-9000. “Com o passar dos dias, a pessoa contaminada apresenta urina escura, olhos e pele amarelados (icterícia), sinais claros da doença”, explica Oliveira.
Os sintomas aparecem cerca de 15 a 50 dias após a infecção, associada à contaminação fecal-oral, ou seja, pelo contato de fezes com a boca. De acordo com o médico da SMS, é preciso atenção a cuidados básicos de higiene, como lavar as mãos antes de comer e depois de ir ao banheiro, higienizar os alimentos consumidos crus com água tratada, além de usar preservativos nas relações sexuais e higienizar genitália, períneo e região anal antes e após o sexo.
Prevenção
Conheça as principais orientações preventivas:
Lavar as mãos (incluindo após o uso do sanitário, trocar fraldas e antes do preparo de alimentos);
Lavar com água tratada, clorada ou fervida os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos;
Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes;
Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
Usar instalações sanitárias;
No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária.
Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto;
Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios;
Usar preservativos e higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais.
Vacina
A vacina contra Hepatite A faz parte do calendário infantil de imunização pelo SUS, aplicada a partir dos 12 meses até 5 anos incompletos.