Divulgação/PMC Uma das grandes angústias de pais e cuidadores são as chamadas viroses, comuns em dias quentes e úmidos como os vividos em Curitiba neste fim de verão. Nessa época do ano, é comum o registro de viroses e doenças que têm micro-organismos presentes em água contaminada ou não tratada e com alto potencial de disseminação, com transmissão de pessoa para pessoa.
“Sintomas como diarreia, mal-estar, náuseas e vômitos são comuns em viroses gastrointestinais, mas também podem estar presentes na hepatite A, que apresenta outros sintomas, como febre, olhos amarelados e urina escura”, explica o diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde, Alcides Oliveira.
O médico salienta que a principal forma de disseminação é o contato com água e/ou alimentos contaminados, a falta de cuidado com a higienização de frutas e verduras consumidos crus, ou ainda o descuido com a higiene pessoal, como a lavagem cuidadosa das mãos antes de comer e após usar o banheiro, por exemplo.
Hepatite A
Também conhecida como hepatite infecciosa, a hepatite A geralmente é uma doença de caráter benigno. Mais comum em crianças pequenas, a transmissão está relacionada às condições de saneamento, higiene pessoal, qualidade da água e dos alimentos. Nos adultos, além da transmissão pela água e alimentos, também pode ocorrer pela relação sexual anal desprotegida, principalmente quando há a prática de sexo oral.
“O vírus da hepatite A está presente nas fezes dos indivíduos e pode permanecer vivo no meio ambiente por período prolongado, o que facilita a transmissão”, relata Alcides Oliveira, reforçando a necessidade dos cuidados para prevenir o contágio.
Segundo ele, mesmo depois de não apresentar sintomas e ter a resolução clínica da doença, as crianças que foram contaminadas mantêm a eliminação viral por até cinco meses. Em média, o período de incubação do vírus após a contaminação é de 30 dias, sendo que pode acontecer entre 15 e 45 dias.
Casos
A série histórica de vigilância das hepatites virais da Secretaria Municipal da Saúde registrou, entre 2012 e 2022, 111 casos de hepatite A em Curitiba. Geralmente, são menos de dez casos por ano, mas em alguns períodos as confirmações cresceram. Em 2012, foram confirmados cinco casos da doença na cidade; três em 2013; cinco em 2014; cinco casos também em 2020, 2021 e 2022. O maior número registrado em Curitiba havia sido em 2018, com 21 confirmações.
Já nos primeiros meses de 2024, dados preliminares, foram notificados 35 casos de hepatite A em Curitiba, que estão sob investigação do Centro de Epidemiologia da SMS. “Com as notificações fora do padrão registrado nos anos anteriores, estamos analisando os dados para identificar a fonte das contaminações a fim de intervir na situação”, disse Oliveira, que ressalta a necessidade de ampliar os cuidados preventivos.
Vacina
Desde 2014, a vacina de hepatite A está disponível no calendário básico de vacinação do SUS para crianças menores de 5 anos. Todas as unidades de saúde da capital paranaense oferecem a imunização contra a doença. Os endereços podem ser conferidos no site Imuniza Já Curitiba.
No Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (Crie) a vacina de hepatite A está disponível para os seguintes grupos:
Hepatopatia crônica de qualquer etiologia, inclusive portadores do vírus da hepatite C e B.
Pessoas vivendo com HIV/aids.
Imunodepressão terapêutica ou por doenças imunodepressoras.
Coagulopatias, doenças de depósito, fibrose cística, trissomias, hemoglobinopatias.
Candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes.
Transplantados de órgão sólido (TOS).
Transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH).
Asplenia anatômica ou funcional de doenças relacionadas.
Saiba como prevenir a contaminação pela hepatite A
Lavar as mãos (incluindo após o uso do sanitário, trocar fraldas e antes do preparo de alimentos).
Lavar com água tratada, clorada ou fervida, os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos.
Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes.
Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras.
Usar instalações sanitárias.
No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária.
Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto.
Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios.
Usar preservativos e higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais.