.png)
.png)
Os governadores dos estados das regiões Sul e Sudeste apresentaram, nesta terça-feira (19), em Curitiba, os resultados de ações de preservação da Mata Atlântica. O balanço foi feito durante o 13º encontro do Consórcio de Integração Sul-Sudeste (Cosud), realizado no Teatro Guaíra. A proteção do bioma é uma das prioridades do grupo, que aposta no compartilhamento de políticas públicas e soluções conjuntas para o desenvolvimento sustentável. As iniciativas também foram registradas na chamada Carta de Curitiba.
O evento coincidiu com a abertura da Conferência da Mata Atlântica e reuniu o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior; do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; do Espírito Santo, Renato Casagrande; do Rio de Janeiro, Claudio Castro; de Minas Gerais, Romeu Zema; além dos vice-governadores de São Paulo, Felício Ramuth, e de Santa Catarina, Marilisa Boehm.
A Mata Atlântica é o bioma predominante nos estados do consórcio e se estende por 17 unidades da Federação, onde vivem mais de 70% da população brasileira e se concentra 80% do PIB nacional. A Carta de Curitiba reúne propostas conjuntas para ampliar a preservação do bioma.
Ratinho Junior ressaltou a necessidade de equilíbrio entre desenvolvimento e meio ambiente:
“Sustentabilidade é buscar crescimento econômico e social com cuidado com a natureza. O Paraná tem ampliado áreas de florestas nativas, protegido matas ciliares, repovoado rios e investido em energias limpas”, afirmou.
Entre as conquistas já contabilizadas estão o plantio de cerca de 35 milhões de mudas nativas, ampliação do monitoramento por satélite, programas de educação ambiental, criação de novas unidades de conservação e políticas de compensação financeira para áreas preservadas.
Segundo o relatório do MapBiomas Alerta, o desmatamento da Mata Atlântica caiu de 29 mil hectares anuais, em 2021 e 2022, para 13 mil hectares anuais em 2023 e 2024.
O governador do Rio de Janeiro e presidente do Cosud, Claudio Castro, destacou a meta de plantar 100 milhões de mudas:
“Já nos aproximamos das 40 milhões apenas no primeiro semestre. Isso mostra que, com vontade política, conseguimos transformar ideias em ações concretas”, afirmou.
Ações conjuntas e emergências climáticas
Os governadores reforçaram a importância da integração regional para responder a desastres ambientais e climáticos. No Rio Grande do Sul, por exemplo, os eventos climáticos recentes causaram 16 mil deslizamentos mapeados em áreas de Mata Atlântica.
Romeu Zema destacou avanços em Minas Gerais: das 53 barragens de risco existentes, 17 já foram eliminadas, e as empresas estão migrando para tecnologias que dispensam novas construções desse tipo.
Rumo à COP-30
Outro ponto debatido foi a preparação para a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30), que ocorrerá em novembro, em Belém (PA). A intenção é levar experiências do Cosud para além da Amazônia, ampliando as discussões para outros biomas.
“Esses debates são preparatórios para chegarmos à COP com uma boa agenda e mostrarmos ao mundo a diversidade dos biomas brasileiros”, destacou o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande.
Para a diretora-executiva da COP-30, Ana Toni, encontros como o do Cosud fortalecem o processo de decisão global:
“A COP é mais do que duas semanas de reuniões. Ela representa o processo de afirmação da vocação do Brasil como nação de sociobiodiversidade”, disse.
Integração regional
Os governadores defenderam o uso de dados geoespaciais, tecnologias e metodologias conjuntas para melhorar a fiscalização e combater o desmatamento ilegal.
“Nenhum estado pode enfrentar sozinho os desafios ambientais. O trabalho integrado fortalece o desenvolvimento sustentável e prepara nossas regiões para as próximas gerações”, afirmou a vice-governadora de Santa Catarina, Marilisa Boehm.
Felício Ramuth, vice-governador de São Paulo, também destacou a união dos estados:
“Juntos, podemos construir o Brasil que queremos, com sustentabilidade e respeito ao meio ambiente”.
Banco Verde
Durante o encontro, o Paraná lançou o Banco Verde, iniciativa para financiar projetos socioambientais. Empresas poderão direcionar recursos a ações de baixo carbono e de valorização da biodiversidade, com previsão de aporte anual entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões.
Segundo o secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável, Rafael Greca, 20% dos recursos irão para o Fundo Estadual do Meio Ambiente (FEMA), que financiará pagamentos por serviços ambientais a pequenos produtores rurais. A estimativa é que cerca de mil agricultores sejam contemplados no primeiro ano, com repasses próximos de R$ 10 mil anuais cada.
Sobre o Cosud
Criado em 2019, o Consórcio de Integração Sul-Sudeste tem presidência rotativa e busca fortalecer parcerias entre os sete estados das duas regiões, que concentram 114 milhões de habitantes — 56% da população brasileira — e são responsáveis por 70% do PIB do país, segundo o IBGE.
.png)