Paraná projeta crescimento urbano de 94% e redução da população rural até 2050

AEN
03/06/2025 09h06 - Atualizado há 3 dias

Paraná projeta crescimento urbano de 94% e redução da população rural até 2050
Roberto Dziura Jr/AEN

O Paraná deverá passar por um processo intenso de urbanização nos próximos 25 anos, com uma queda significativa na população que vive na zona rural e maior concentração de habitantes nas áreas urbanas. A projeção é do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), divulgada nesta segunda-feira (2), em um estudo apresentado pelo secretário estadual do Planejamento, Ulisses Maia, e pelo diretor-presidente do instituto, Jorge Callado.

O levantamento, baseado nos Censos Demográficos de 2010 e 2022, prevê que o grau de urbanização do Estado aumentará de 89,7%, em 2025, para 94% em 2050. Paralelamente, a população rural, que hoje representa 11,1% dos paranaenses, deve cair para apenas 6% até 2050.

Conforme as estimativas, as áreas urbanas devem ganhar quase um milhão de novos moradores: serão 11.658.308 pessoas vivendo nas cidades em 2050, contra 10.672.024 em 2025. Em contrapartida, o meio rural deve perder 473 mil habitantes no mesmo período, encolhendo de 1.218.556 para 745.523 pessoas. A população total do Estado deverá atingir 12,4 milhões em 2050.

Para o secretário Ulisses Maia, esse avanço urbano exige um planejamento público estratégico. “Precisamos desenvolver infraestrutura, habitação e serviços para garantir qualidade de vida. O planejamento proativo é fundamental para assegurar um desenvolvimento inclusivo e sustentável”, afirmou.

Maia também destacou a importância da reestruturação do Ipardes, que tem viabilizado estudos técnicos como esse. “Nenhuma política pública deve ser feita com base em achismos. Os dados fornecidos por pesquisas como essa nos permitem planejar com base em evidências”, completou.

O diretor-presidente do Ipardes, Jorge Callado, apontou que, além da migração e do saldo vegetativo, o avanço das políticas públicas e o crescimento socioeconômico são fatores que impulsionam a urbanização. “Essas projeções são ferramentas valiosas para o planejamento do Estado, pois mostram para onde a população tende a se mover e ajudam a direcionar os investimentos em infraestrutura e serviços”, explicou.

Urbanização acelerada

O crescimento da população urbana no Paraná é uma tendência consolidada desde os anos 1980. O grau de urbanização subiu de 58,6% em 1980 para 89% em 2022. A projeção é que alcance 90,9% em 2030, chegando a 94% em 2050.

O estudo revela que, em 2050, 147 municípios terão grau de urbanização igual ou superior ao do Estado. Hoje, Curitiba e Pinhais já têm 100% da população em áreas urbanas. Até 2025, Maringá, Piraquara e Fazenda Rio Grande também devem atingir esse patamar.

Atualmente, o Paraná ocupa a quinta posição entre os estados mais urbanizados do Brasil, atrás do Rio de Janeiro (97,9%), São Paulo (96,8%), Distrito Federal (96,5%) e Goiás (93,2%). O estado com menor grau de urbanização é o Piauí, com 69,4%.

O superintendente do IBGE no Paraná, Elias Guilherme Ricardo, observou que o processo de urbanização é uma tendência nacional, mas com ritmo mais acelerado no Estado. “O Paraná se destaca por esse crescimento, impulsionado por políticas públicas e melhorias na infraestrutura urbana”, comentou.

Dinâmica no meio rural

Apesar da tendência de queda, 17 municípios paranaenses devem registrar aumento da população rural até 2050, somando cerca de 16,5 mil moradores a mais. A maior parte desse crescimento (mais de 52%) estará concentrada em Araucária, Balsa Nova e Itaperuçu, na Região Metropolitana de Curitiba.

Por outro lado, 13 municípios devem continuar com mais da metade da população vivendo no campo. O destaque é Quitandinha, também na RMC, que poderá ter 69,6% da população em áreas rurais em 2050.

Metodologia do estudo

O Ipardes utilizou a metodologia do Manual VIII das Nações Unidas, a mesma adotada pela Fundação João Pinheiro em Minas Gerais, para estimar a população urbana e rural dos municípios. A base de dados incluiu os Censos de 2010 e 2022, além das projeções populacionais por sexo e idade já elaboradas pelo instituto para o período de 2025 a 2050.

Segundo Leonildo Pereira de Souza, chefe do Departamento de Estudos Populacionais e Sociais do Ipardes, o futuro do Estado é predominantemente urbano. “O êxodo rural, somado ao envelhecimento da população do campo e à baixa taxa de fecundidade nessas áreas, explica essa tendência de esvaziamento do meio rural”, afirmou.

Souza acrescentou que os setores censitários foram atualizados conforme a classificação vigente em 2022, garantindo a compatibilidade entre os dois períodos analisados.


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