31/03/2024 às 09h16min - Atualizada em 31/03/2024 às 09h16min

Mulheres assumem papéis de protagonismo na construção civil

Da Redação

Foto: Divulgação
Elas lideram seus negócios e se sentam nas cadeiras mais importantes de empresas e entidades representativas do setor da construção civil. Em meio a desafios e inúmeras barreiras e preconceitos, dentro de um ambiente ainda predominantemente masculino, as mulheres têm assumido cada vez mais o protagonismo em cargos de comando no mercado imobiliário, conquistado o respeito de seus pares e o reconhecimento pela excelência no trabalho. 

Passar credibilidade, provar competência e capacidade para liderar, equilibrar carreira e maternidade estão entre os desafios enfrentados pela engenheira civil Celia Oliveira Souza Catussi. Natural de Belo Horizonte (MG), ela chegou a Londrina em 1988 e construiu uma carreira de sucesso empreendendo e trabalhando em construtoras e incorporadoras locais. Na Plaenge, onde atuou por 27 anos, passou por várias posições até assumir o posto de superintendente de novos negócios.


Deixou a carreira corporativa para se dedicar ao associativismo, tornando-se a primeira mulher a presidir o Sindicato da Indústria da Construção Civil Paraná Norte (Sinduscon Paraná Norte), em 2023. Segundo Celia, no início da profissão, há mais de 40 anos, era mais difícil para as mulheres provarem sua competência para liderança e capacidade para tomada de decisão. Na avaliação dela, nos dias de hoje, esse cenário mudou e ficou mais favorável para as mulheres, que são reconhecidas por suas competências profissionais.

“Acho que ser a primeira presidente do Sinduscon do Paraná mostra a maturidade da sociedade”, analisa.

Além de se doar para o associativismo, que a desafia a enxergar o mercado da construção civil com um olhar mais abrangente, a engenheira cuida da gestão de duas empresas, uma de consultoria para o mercado imobiliário e estruturação de negócios, e outra de prestação de serviços para construção, e diz que o mais a alegra na profissão é poder compartilhar e gerar prosperidade para as pessoas. 

Hoje à frente da quinta maior construtora do Paraná, a diretora executiva da Vectra, Roberta Costa Alves Nunes Mansano, tem uma trajetória que ela mesmo define como não linear. Isso porque, por influência do pai, que é engenheiro e fundador da empresa, começou a cursar engenharia civil e a estagiar na construtora, passando por todas as áreas da companhia. Mas, no meio do caminho, desistiu da graduação. Prestou vestibular para jornalismo, concluiu o curso e começou a atuar com marketing dentro da Vectra.

Depois de terminar a universidade e passar um período fora do País, retomou o trabalho na construtora e iniciou uma série de capacitações na área de gestão, fundamentais para galgar posições dentro da empresa e ocupar o cargo que exerce hoje.

“Meu pai sempre confiou no meu trabalho e me deu liberdade para atuar dentro da empresa, então, eu fui ocupando os espaços que eu considerava mais importantes. Sempre tive uma visão de estruturação do negócio, de criar áreas novas, oferecer treinamentos, contratar pessoas seniores, fazer um planejamento estratégico”, conta.

Na avaliação dela, as mulheres têm se adaptado e buscado espaço em ambientes masculinos, como é o caso da construção civil. Para se posicionar e ser respeitada, diz que sempre procurou manter uma postura assertiva, comunicação clara e direta. Ao longo de sua trajetória, percebeu uma mudança de comportamento dos colaboradores no que diz respeito a como devem se portar com as mulheres no ambiente de trabalho. Mas, confessa que esta é uma mudança de consciência recente.

“Meu papel como líder é independente de ser mulher. Liderar pessoas é um desafio constante, tem que evoluir a comunicação, como vamos planejar e executar estratégias, engajar pessoas de gerações e culturas diferentes. Desde que entrei na Vectra, sempre respeitei o espaço do meu pai, fundador da empresa, e procuro sempre dar o meu melhor”, afirma Roberta.

Dedicação e amor pela profissão

Na arquitetura, elas são destaque. De acordo com o último levantamento do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), realizado em 2022, elas representavam 64,55% dos 212 mil profissionais registrados. Mesmo sendo maioria, também encontram desafios pelo caminho e precisam trabalhar duro para conquistar espaço em um mercado competitivo. 

A arquiteta Juliana Meda desistiu de entrar para a faculdade de medicina e se apaixonou pelo curso de arquitetura logo no início. Começou sua bem-sucedida carreira muito cedo. No terceiro ano faculdade, já fazia trabalhos para parentes e amigos. Fez sociedade com uma arquiteta experiente, com quem construiu um escritório em Londrina. Com a chegada dos filhos, optou por diminuir o ritmo. Desfez a sociedade e começou a trabalhar em casa. 

“A ideia era ficar com meus filhos, tocar projetos menores. Mas, o ritmo dobrou e minha casa acabou virando um telemarketing”, brinca.

O volume de projetos fez com que ela decidisse alugar um espaço comercial para a equipe e para receber os clientes. Mas, a arquiteta confessa que suas criações e projetos continuam sendo concebidos de casa até hoje. Para equilibrar carreira, filhos, casamento, Juliana diz que busca estar sempre perto nos fins de semana e aposta em viagens em família ao longo do ano, para priorizar os momentos juntos.

Por ser mulher e ter começado a carreira jovem, ela lembra que sofreu muito preconceito, especialmente nos canteiros de obras. 

“A gente está sempre sendo testada, se conseguimos dar conta de tudo, porque é realmente difícil cuidar da família, dos filhos, da casa e ainda ser bem-sucedida profissionalmente. Exige muita dedicação. Mas, hoje, com anos de profissão, consigo me posicionar melhor e ter mais respeito”, afirma.

Em 2024, a arquiteta fez sua estreia na Mostra Artefacto, em São Paulo, assinando um espaço inspirado no navegador Amyr Klink.

Para Nathalia Montans, o desafio começou logo quando pegou o diploma de arquiteta na mão. Como não é de Londrina, onde se formou, precisou conquistar seu espaço com muito esforço na cidade, que tem um mercado bastante concorrido. Sempre trabalhou muito, fez bicos de recepcionista, fazia pulseiras para vender, revendia produtos de beleza, teve que buscar cada degrau da profissão e se orgulha muito disso. 

“Foi um desafio trabalhar em obra, lidar com prestadores de serviços que são homens, mas, hoje, existe um respeito mútuo entre o escritório de arquitetura e os fornecedores”, comenta.

Reconhecida no mercado por projetos que passeiam pelos estilos clássico e contemporâneo, com muita sofisticação, a arquiteta foi convidada pela maior empresa de revestimentos do Brasil para representar o Sul do País na Cersaie, considerada a principal feira de revestimentos do mundo, em Bolonha, na Itália, em 2017. Ali, ela percebeu que estava sendo notada pelo mercado.

O sucesso na carreira exige dedicação, por isso, Nathalia lembra que precisou investir na estruturação do seu negócio e equipe para equilibrar melhor o tempo entre trabalho e família.

“Conciliar maternidade, casamento e trabalho não é fácil, mas é um desafio maravilhoso, porque não tem nada melhor do que trabalhar com o que você ama. Estou numa fase incrível da minha vida e o que eu mais quero é tempo de qualidade, para me dedicar à minha família, ao trabalho e à saúde, um dia após o outro”, completa.


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