18/07/2023 às 14h11min - Atualizada em 18/07/2023 às 14h52min

Com área 100% ampliada, nova restinga de Matinhos receberá 600 mil mudas de espécies nativas

AEN

Divulgação/IAT
A vegetação de restinga em Matinhos, no Litoral, receberá um reforço de 600 mil mudas nativas com o projeto de revitalização da orla da cidade, passando dos atuais 2,5 hectares para mais de 5 hectares de área total. O processo está em andamento há pouco mais de um ano e deve ser finalizado com a conclusão da obra, prevista para ocorrer no segundo semestre de 2024.

Até o momento, o Instituto Água e Terra (IAT), em parceria com o consórcio Sambaqui, grupo de empresas responsável pelo projeto após licitação pública, plantou 287.736 mudas de diferentes espécies (48%) ao longo dos 6,3 quilômetros de faixa de areia, entre o Morro do Boi e o Balneário Flórida. Por decisão judicial, parte dessas ações foi embargada após pedido do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O Governo do Paraná, por meio da Procuradoria-Geral do Estado (PGE), está recorrendo da decisão.


O investimento na recuperação e ampliação da flora na região é de R$ 268 mil, dentro do pacote completo de modernização da Orla de Matinhos, cujo orçamento é de R$ 314,9 milhões. “A nova vegetação da restinga trará muitos benefícios para o Litoral. As plantas aumentam a vida útil da orla, ajudam a conter a erosão eólica nas áreas do entorno e também incrementam a biodiversidade do local, algo essencial para combater a presença de espécies exóticas invasoras, que inibem o desenvolvimento das espécies nativas”, afirmou o diretor de Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos do IAT, José Luiz Scroccaro.

De acordo com levantamento mais recente do órgão ambiental, de junho, a nova restinga já foi plantada em 3,59 hectares (35.967 metros quadrados), ou 71,3% da área total, de 5,03 hectares (50.308 metros quadrados). Entre as espécies estão a Blutaparon, Canavalia, Hydrocotyle e Ipomea, todas rasteiras, próprias para o crescimento nas dunas – vegetação retirada de outros pontos de restinga do litoral paranaense e depois transplantada para os locais indicados no planejamento.

Além disso, foram plantadas 800 mudas de Jerivá (Syagrus romanzoffiana) para arborizar a região e outras 8.100 mudas de Clusia (Clusia Fluminensis) – espécie que funciona como cerca-viva para delimitar e proteger a área de restinga e que serão retiradas em parte após a conclusão do projeto. “Quase metade dos locais que receberão as mudas não possuíam vegetação de restinga anteriormente. Ou seja, a área de restinga está sendo ampliada em quase 2,5 hectares (25 mil metros quadrados)”, destacou Scroccaro.

FAUNA – As novas espécies de vegetação que começam a tomar forma na orla já trazem impactos positivos para a fauna do Litoral. É cada vez mais comum os canteiros com plantas nativas receberem visitas de aves como quero-quero (Vanellus chilensis) e corujas-buraqueiras (Athene cunicularia), que constroem ninhos nas plantas, o que não era comum antes da revitalização. Por se tratar de área onde a vegetação ainda está se desenvolvendo, os animais que se instalaram nos locais ficam desprotegidos, especialmente pela exposição a predadores ou mesmo à população que frequenta os balneários. Por isso, esses locais estão sendo demarcados com placas informativas para auxiliar na proteção dessas novas espécies que passarão a fazer parte do ecossistema da restinga.

ORLA DE MATINHOS – O replantio de vegetação nativa é apenas uma das intervenções em execução na orla marítima de Matinhos. A obra de revitalização da orla de Matinhos é feita em duas etapas, num valor total de R$ 500 milhões. A fase inicial, com orçamento de R$ 314,9 milhões, já está 80% concluída e deverá ser entregue até o segundo semestre de 2024, e inclui a execução de serviços de engorda da faixa de areia por meio de aterro hidráulico, estruturas marítimas semirrígidas, canais de macrodrenagem e redes de microdrenagem.

Além do sistema de drenagem, as obras contemplam a melhoria da pavimentação asfáltica e recuperação de vias urbanas. O objetivo é minimizar os impactos gerados pela combinação do desequilíbrio de sedimentos, ocupações mal planejadas e fenômenos naturais, como chuvas fortes e ressacas que costumeiramente atingem o Litoral. As intervenções serão feitas ao longo de 6,3 quilômetros entre o Morro do Boi e o Balneário Flórida. Em uma segunda etapa, ainda sem previsão de data, será recuperado o trecho de 1,7 quilômetro entre os balneários Flórida e Saint Etienne. Haverá, ainda, a instalação de novos equipamentos urbanos, como ciclovia, pista de caminhada e corrida, pista de acessibilidade e calçada.


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