O Paraná vive uma mudança demográfica acelerada. Projeções do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) indicam que 17,6% da população do estado já é composta por pessoas idosas, mais de 2 milhões de habitantes. Entre 2010 e 2022, mais de 70% do crescimento populacional ocorreu nesse grupo.
Segundo o Índice de Envelhecimento do IBGE, em 2022 o Paraná se tornou o quinto estado mais envelhecido do país, com 86 idosos para cada 100 pessoas com menos de 15 anos. Apenas Rio Grande do Sul (115), Rio de Janeiro (105), Minas Gerais (98) e São Paulo (96) apresentam índices mais altos.
A expectativa de vida no estado é de 79,2 anos, sendo 75,8 anos para homens e 82,6 anos para mulheres. A tendência aponta que, já em 2027, haverá mais idosos do que crianças e adolescentes, fenômeno conhecido como inversão da pirâmide etária. Esse marco trará novos desafios para políticas públicas, especialmente nas áreas de saúde e assistência social.
Ações para envelhecer com saúde
Desde 2019, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) desenvolve o projeto Envelhecer com Saúde no Paraná, voltado ao cuidado integral da pessoa idosa, com foco na prevenção, no diagnóstico precoce e no manejo da Fragilidade Multidimensional.
“O Paraná está preparado para oferecer respostas concretas, com planejamento, inovação e cuidado humanizado. Queremos que envelhecer seja sinônimo de viver bem, com mais autonomia, saúde e qualidade de vida”, afirma o secretário estadual da Saúde, Beto Preto.
A Atenção Primária à Saúde (APS) é a principal porta de entrada para esse cuidado. Em 2024, mais de 2 milhões de consultas a idosos foram realizadas nas unidades de saúde estaduais. As equipes multiprofissionais aplicam a Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa e elaboram Planos de Cuidado individualizados, buscando manter a autonomia pelo maior tempo possível.
O estado também utiliza ferramentas como a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa e o Sistema de Informação da Pessoa Idosa (SIPI), que facilitam o registro, o acompanhamento e o direcionamento de políticas públicas. A Linha de Cuidado do Idoso no Paraná segue diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Década do Envelhecimento Saudável.
Prevenção e capacitação
Entre as ações preventivas, destaca-se o uso do Índice de Vulnerabilidade Clínico Funcional-20 (IVCF-20), método validado pelo Ministério da Saúde e aplicado inclusive por agentes comunitários. Somente em 2024, mais de 4 mil profissionais foram capacitados para este atendimento especializado, que inclui mutirões de saúde — cerca de 700 idosos foram atendidos no último ano.
Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostram que 76,3% dos idosos no Paraná não possuem plano de saúde, reforçando a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) no atendimento dessa população.
A Sesa mantém ainda parceria com a Pastoral da Pessoa Idosa, que em 2024 promoveu 15 encontros de capacitação para 375 líderes comunitários. Esses voluntários atuam como multiplicadores, levando orientações e cuidados diretamente às residências em diversas regiões do estado.
“Mais do que enfrentar um desafio demográfico, o Paraná está construindo um futuro em que envelhecer significa viver com dignidade e oportunidades, fortalecendo a rede de atenção e garantindo que o cuidado chegue a todos que dele precisam”, conclui Beto Preto.