Perícia científica garante 97% de elucidação de homicídios no Paraná

AEN
14/10/2025 09h22 - Atualizado há 4 horas

Perícia científica garante 97% de elucidação de homicídios no Paraná
PCIPR

O trabalho pericial tem se consolidado como um dos principais aliados na solução de homicídios no Paraná. A produção de provas técnicas rápidas e precisas pelas forças de segurança tem garantido subsídios essenciais para investigações e processos judiciais. Essa atuação, somada à integração entre as polícias, coloca o Estado entre os líderes nacionais em esclarecimento de homicídios, com índice de 97%, segundo a Polícia Civil do Paraná (PCPR).

A apuração de crimes depende, cada vez mais, de evidências científicas capazes de comprovar a materialidade e a autoria. Em casos de homicídio, cada vestígio coletado, analisado e interpretado pelos peritos pode ser determinante para reconstituir a dinâmica dos fatos, identificar suspeitos e embasar a responsabilização judicial.

“A atuação pericial confere objetividade científica às investigações, suprindo fragilidades da prova testemunhal, muitas vezes limitada pelo medo ou ausência de relatos diretos”, explica a delegada-chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Camila Cecconello. “O laudo técnico, baseado em métodos científicos validados, tem o poder de colocar o autor na cena do crime de forma irrefutável”.

Em 2023, o Paraná já apresentava uma taxa de esclarecimento de 84% dos homicídios — superior aos 57,8% registrados nos Estados Unidos no mesmo período, conforme dados do FBI. Em 2024, o índice saltou para 97%.

Investimento e modernização

O avanço é resultado direto do fortalecimento da estrutura pericial do Estado. A Polícia Científica do Paraná (PCIPR) passou por um processo de expansão e modernização, com novas contratações, investimentos em tecnologia e criação da Central de Comunicação Pericial (Cecomp). A instituição ampliou sua capacidade de atendimento, garantindo presença em todos os 399 municípios e respostas mais rápidas às demandas das delegacias.

“Até 2019, metade dos casos de homicídio não contava com atendimento in loco da perícia. Hoje, atuamos em 100% das ocorrências”, afirma o diretor operacional da PCIPR, Ciro José Cardoso Pimenta. “Essa cobertura total assegura provas robustas que fundamentam o inquérito e a ação penal”.

A redução do tempo de resposta é um dos resultados mais expressivos. Em 2017, um exame pericial levava, em média, 32 dias para ser concluído. Em 2023, o prazo caiu para 17 dias e, neste ano, para apenas 10. A produtividade também cresceu: foram emitidos mais de 114 mil laudos periciais em 2024, aumento de 28% em relação a 2020.

Precisão na coleta de vestígios

O papel do perito criminal na cena do crime é essencial. Cabe a ele documentar o local e coletar vestígios que possam esclarecer os fatos, garantindo a integridade da chamada cadeia de custódia.

“Cada vestígio precisa ser identificado, embalado e lacrado corretamente”, explica Pimenta. “Esses cuidados asseguram que as provas cheguem ao laboratório com validade jurídica e científica”.

Entre as análises mais relevantes estão as perícias balísticas, genéticas, papiloscópicas, de imagens e de vestígios digitais. As perícias em dispositivos eletrônicos, por exemplo, têm sido decisivas para identificar deslocamentos, comunicações, horários de ações e até a motivação dos crimes. Já o confronto balístico comprova a compatibilidade entre cápsulas recolhidas e armas apreendidas, sendo um exemplo clássico de prova técnica determinante.

Papiloscopia e identificação de vítimas

A identificação humana também é uma frente estratégica. A papiloscopia, conduzida pela Polícia Civil, analisa impressões digitais, palmares e plantares encontradas nas cenas de crime, contribuindo para confirmar a autoria e elucidar os casos.

“Esses fragmentos, quando comparados com bancos de dados, podem gerar laudos irrefutáveis que sustentam a autoria”, destaca a papiloscopista da PCPR Luciana Eberhardt Alves Rios.

O trabalho também é essencial na identificação de corpos sem documentação, oferecendo respostas rápidas às famílias. Em Curitiba, o setor de perícia necropapiloscópica realiza buscas ativas por familiares de vítimas não reclamadas. Apenas em 2024, 115 famílias foram localizadas em parceria com a Polícia Federal, por meio do Projeto Lumini — uma iniciativa que alia precisão técnica e sensibilidade humana.

Integração entre forças e sistemas nacionais

A integração entre as forças de segurança é determinante para garantir a qualidade das provas e a celeridade das investigações. A comunicação constante entre peritos e investigadores permite alinhar estratégias e fortalecer os resultados.

“Quando policiais e peritos trabalham de forma conjunta desde o início, as investigações se tornam mais rápidas e assertivas”, ressalta Camila Cecconello. “Um detalhe percebido por um pode orientar o trabalho do outro, reduzindo o tempo de resposta”.

Nos laboratórios, a cooperação é potencializada por sistemas integrados de informação. O Paraná participa da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG) e do Sistema Nacional de Análises Balísticas (Sinab), que permitem cruzar vestígios de diferentes crimes e conectar casos aparentemente isolados.

“Quando identificamos que a mesma arma foi usada em vários assassinatos, às vezes em cidades distintas, conseguimos unificar as investigações e chegar à estrutura do grupo criminoso”, explica a delegada.

Com estrutura modernizada, integração entre instituições e o uso crescente de tecnologia, o Paraná consolida um modelo de investigação baseado em ciência e precisão — e colhe resultados que o colocam entre os Estados mais eficientes do Brasil no esclarecimento de homicídios.


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