BRDE lança linha emergencial de R$ 200 milhões para empresas paranaenses afetadas por tarifa dos EUA

AEN
02/08/2025 10h24 - Atualizado há 1 dia

BRDE lança linha emergencial de R$ 200 milhões para empresas paranaenses afetadas por tarifa dos EUA
Claudio Neves/Portos do Paraná

O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) anunciou nesta sexta-feira (1º) uma linha de crédito emergencial de R$ 200 milhões voltada a empresas e cooperativas paranaenses exportadoras, impactadas pela nova tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.

O financiamento será destinado ao capital de giro, com condições facilitadas: prazo de pagamento de cinco anos, sendo o primeiro ano de carência, e taxa de juros de IPCA + 4% ao ano — inferior à média praticada por outras linhas de crédito disponíveis no mercado.

As operações vão de R$ 500 mil a R$ 10 milhões por empresa, conforme a capacidade financeira do tomador. Para ter acesso aos recursos, é necessário comprovar que a empresa foi afetada pela tarifa, seja por meio de histórico de exportações para os EUA, demissões recentes ou adoção de férias coletivas. Empresas já financiadas pelo BRDE que estejam com dificuldade de pagamento também poderão solicitar revisão ou postergação das parcelas. Solicitações acima de R$ 10 milhões serão analisadas em outras linhas do banco.

Para viabilizar a nova linha com juros mais baixos, o Governo do Paraná aportará R$ 43 milhões ao BRDE, por meio da transferência de dividendos (juros sobre capital próprio), fortalecendo o lastro da operação.

Além disso, a Fomento Paraná vai oferecer crédito especial para pequenos empreendedores afetados pelas medidas norte-americanas, com foco em microcrédito e valores abaixo de R$ 500 mil. A instituição dispõe de R$ 200 milhões para atender micro e pequenas empresas, e também está aberta à renegociação de contratos, desde que os prejuízos provocados pelas tarifas sejam comprovados.

“O Governo do Paraná tem a missão de defender a nossa economia e proteger as empresas locais. Estamos em contato direto com os setores afetados para apresentar soluções concretas e, ao mesmo tempo, esperamos que o Itamaraty avance no diálogo com os EUA para reverter essa decisão nas próximas semanas”, declarou o governador Carlos Massa Ratinho Junior.

Além das linhas de crédito, que podem totalizar até R$ 400 milhões, o governo estadual também anunciou, na última semana (25), medidas adicionais para aliviar os impactos econômicos. Entre elas, está a possibilidade de uso de créditos de ICMS homologados no Siscred para reforçar o fluxo de caixa das empresas e a postergação de compromissos com investimentos previamente assumidos. Também está em estudo um novo aporte ao Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE), para ampliar a oferta de crédito com juros reduzidos.

Por determinação do Executivo estadual, a Secretaria da Fazenda segue monitorando os impactos da medida tarifária e mantém diálogo constante com federações e setores produtivos. “Estamos diante de um momento delicado. As empresas paranaenses podem contar com total apoio do Governo do Estado”, garantiu o secretário da Fazenda, Norberto Ortigara.

Impacto no Paraná

A nova tarifa foi confirmada pelo presidente norte-americano Donald Trump no dia 30 de julho, com entrada em vigor marcada para 6 de agosto. O aumento atinge diversos setores relevantes para a economia paranaense, como madeira reflorestada, café, chá, carnes, couro, mel, móveis, pescados, cerâmica e erva-mate — produtos que não foram incluídos nas exceções da medida.

Embora a ordem executiva da Casa Branca mencione isenções para “madeira tropical”, essa exceção não contempla a produção madeireira do Paraná, que se baseia majoritariamente em florestas plantadas.

Um levantamento do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) mostra que apenas 2,7% das exportações do Paraná para os EUA em 2024 estão na lista de exceções (o equivalente a US$ 42,4 milhões de um total de US$ 1,59 bilhão). Em contraste, no cenário nacional, 43,4% das exportações brasileiras foram poupadas da tarifa (US$ 18,4 bilhões de um total de US$ 42,3 bilhões), segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (AMCHAM).

Essa disparidade ocorre porque grande parte das vendas brasileiras para os EUA — como petróleo bruto, ferro ou aço semimanufaturados, ferro fundido e aeronaves — não fazem parte da pauta exportadora do Paraná. Como resultado, o Estado foi diretamente atingido por uma tarifa que exclui justamente seus principais produtos.


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