Nesta segunda-feira (12/5), Curitiba começa a testar o primeiro biarticulado elétrico do mundo. O veículo, produzido pela Volvo na CIC, vai circular na linha 303-Centenário/Campo Comprido.
Sem ruído e emissões, o biarticulado elétrico vai operar entre os horários das tabelas oficiais da linha, sem passageiros, mas com bombonas de água e de areia para simular condições severas de operação.
O teste, coordenado pela Urbanização de Curitiba (Urbs), vai submeter o veículo à circulação com superdimensionamento de carga para verificar e assegurar a capacidade de atendimento operacional em linhas do transporte coletivo. A avaliação deve durar cerca de 20 dias.
O teste é um marco para a inovação do biarticulado curitibano que ajudou a popularizar o modelo de canaletas exclusivas, o BRT (Bus Rapid Transit), que completou 50 anos em 2024. O BRT se tornou um exemplo bem-sucedido de transporte de massa e foi responsável por inspirar mais de 200 países. Curitiba tem 90 quilômetros de canaletas.
Ligeirão Leste/Oeste
O teste com o biarticulado faz parte do programa do município que prevê a substituição gradual dos modelos a diesel por veículos zero emissões. Um dos principais projetos do transporte coletivo em implantação, o Ligeirão Leste/Oeste, que utilizará a mesma canaleta onde será realizado o teste, terá frota elétrica.
O modelo testado é o protótipo montado pela Volvo no ano passado, que passou por uma série de pré-testes pelo Brasil. Com 28 metros e carroceria Marcopolo, tem capacidade para transportar 250 pessoas.
Na quinta-feira (8/5), o prefeito Eduardo Pimentel participou do lançamento da produção em série do chassi biarticulado na fábrica da montadora na CIC. A planta industrial é a única no mundo a produzir em série o modelo e será base também para exportações. Nela também é fabricada a versão elétrica do ônibus articulado.
“No futuro, o BRT com biarticulados elétricos será capaz de transportar a mesma quantidade de passageiros do que um sistema de metrô, mas com custos de implantação e operação infinitamente menores e também com zero emissões”, diz Ogeny Pedro Maia Neto, presidente da Urbs.
Investimentos
O projeto de descarbonização da frota de Curitiba é considerado referência no País por reunir desde um amplo programa de testes da tecnologia até o novo modelo de concessão, em 2025, que já contemplará matriz energética não poluente. Já são sete veículos elétricos em operação na frota de Curitiba, nas linhas Interbairros I e Água Verde. Devem ser adquiridos mais 54 com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), de R$ 380 milhões.
Também já foi aprovado, na Câmara Municipal de Curitiba, o projeto para a aquisição de 70 ônibus, com investimento de R$ 317 milhões, e um empréstimo do KfW Bankengruppe, o banco de desenvolvimento alemão, de €$ 100 milhões, que será usado para a compra de 84 ônibus elétricos e para outros projetos de infraestrutura energética.
Novos testes
A Urbs também prorrogou por dois anos o edital de chamamento para testes de ônibus elétricos no transporte coletivo da capital. O edital 001/23, cujo prazo para inscrições se encerrou em 1º de março de 2024, foi prorrogado até 30 de novembro de 2026, com validade para as inscrições até 1º de março de 2026 e para execução dos testes até 30 de setembro de 2026.
O objetivo é poder testar o maior número possível de veículos e modelos dentro do projeto de eletrificação da frota do transporte coletivo.
Até agora, já foram testados veículos elétricos das marcas Eletra, Volvo, Marcopolo, BYD, Ankai e Mercedes-Benz.
Autonomia
O biarticulado Volvo oferece autonomia de até 250 quilômetros, podendo ser equipado com até oito packs de baterias, que têm 720 kWh de capacidade total. Este é um dos parâmetros técnicos que serão analisados no teste para balizar a especificação mais ideal para o sistema de transporte coletivo de Curitiba. O tempo de recarga total varia entre 2h e 4h, dependendo do tipo e potência da estação de carregamento.