21/03/2023 às 19h24min - Atualizada em 21/03/2023 às 19h24min

Dinossauro não, cobras, muitas!

Claudia Vanessa Bergamini

Claudia Vanessa Bergamini

Do Norte para o Sul

Claudia Vanessa Bergamini
Há uma brincadeira de que no Acre tem dinossauro. Exagero puro. Eu sei que é um estado cuja história poucos conhecem. Não passou pelas mãos do colonizador português, porque à época pertencia aos espanhóis. Com a devastadora seca de 1877 no Nordeste, mais de cem mil nordestinos migravam para a região amazônica. Iniciava-se na Amazônia acreana o ciclo da borracha, que por mais de 70 anos extraía e importava látex para abastecer o mercado internacional. O território onde é o Acre pertencia uma parte a bolivianos, e outra, a peruanos. Em 1903, a parte boliviana, rendida, passou a ser território brasileiro; em 1909, a parte peruana se tornou Acre. Em 1962, Jango elevou o Acre a estado. Não um estado comum, o estado mais a Oeste e mais isolado do país. Até hoje o acesso via estrada é difícil, no entanto, em que pese o desmatamento ser imenso na Amazônia, o Acre é o que menos desmata. Dinossauros por aqui não há. Geoglifos sim, lindos e patrimônio cultural, chamados pelos indígenas de “tatuagens da terra”. Aranhas, ja vi as mais exóticas, enormes, diferentes; arraias, candirus, calangos, morcegos e cobras vi muitos, inclusive a temida sucuri. Nesta tarde, veio visitar o condomínio em que moro uma jiboia.

Com a chuva intensa, ela procurava um abrigo seco, jiboias adoram lugares secos. Foi uma festa. As crianças ficaram de longe assistindo a cada movimento. E eu, que de criança não tenho nada, fui ver  de pertinho. Observei as cores, a espessura, o tamanho , perto de 3 metros. Tirei várias fotos e fiz essa crônica para registrar o momento que por aqui é comum. Mas para muitos de longe, bizarro, porque quanto mais distante um fato ou um animal ou um povo está de nossos olhos, mais exótico ele se torna. Os meus, porém, se acostumaram a ver bichos diferentes e admirá-los. Viver nesta região me permite aprender a conviver com a natureza de uma forma respeitosa e apaixonante.
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Comentários »
  • Cristiane escreveu:
    21/03/2023 às 20h27min

    Que beleza! Ótimo texto!? Vou compartilhar. Sou de são Paulo e meus filhos e eu estamos encarados com essa natureza exuberante.

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