Olá, futeamigos! Cá estou novamente. E aí? Refletiu um pouquinho sobre suas reações antes, durante e depois dos jogos?
Se você não leu meu último artigo, sugiro que volte e o leia rapidinho, para complementar na compreensão deste aqui. Se já o fez, vamos prosseguir:
Este ano de 2025 começou trazendo notícias infelizes envolvendo o futebol. Em menos de 40 dias, a expectativa pré-jogo foi quebrada pela indignação através das lamentáveis cenas de confrontos entre torcidas organizadas:
No dia 26/01/2025, domingo, na Barra Funda, Zona Oeste da capital paulista, brigas entre as torcidas de São Paulo e Corinthians causaram tumulto antes do clássico;
Dia 01/02/2025, sábado, no estádio do Arruda, Zona Oeste do Recife, as torcidas do Santa Cruz e Sport, se confrontaram. Além da pancadaria, ainda houveram atos de abuso sexual.
Sabemos que confrontos envolvendo torcidas organizadas não são novidades e a partir da década de 1990 foram se intensificado e tronando-se cada vez mais constantes. Diante da necessidade, em 2003, foi criado o Estatuto de Defesa do Torcedor, visando definir os direitos e deveres de torcedores, clubes e órgãos públicos em eventos esportivos. Atualmente, tal Estatuto foi substituído em 2023, pela Lei Geral do Esporte (LGE - Lei nº14.597, de 14 de junho de 2023). Apesar de algumas medidas “punitivas” estarem sendo tomadas, como torcida única no estádio ou suspensão da torcida em uma quantidade específica de jogos, nada ouvimos falar sobre trabalhos preventivos ou punições mais pontuais e severas aos agressores.
Em 2024, a Federação Paulista de Futebol lançou a campanha Menos Ódio, Mais Futebol, para orientar os pais de atletas de categorias de base a não usarem certos termos ou vocabulários inapropriados e intolerantes para com seus filhos, como: “Você não acerta uma, seu burro!” “Volta pra casa, você não serve pra isso!” “Você não aprendeu nada nessa escolinha?” Frases como estas são sim uma forma de injúria e violência, ainda mais dita às crianças.
Partindo por esta vertente, devemos pensar da seguinte forma: o que seria violência NO futebol e o que seria violência DO futebol.
No artigo anterior levantei o questionamento sobre autoconhecimento. Como as emoções e sentimentos que temos relacionadas ao nosso time do coração, interferem em nossas atitudes antes, durante ou depois dos jogos.
O professor e pesquisador sociólogo esportivo, Maurício Murad, em décadas de trabalhos, tem estudado a violência NO futebol por uma ótica acerca de padrões culturais e sociais, que, quando não tratados, interferem e respondem através de vandalismos no nosso tão amado futebol.
Ao ver as notícias sobre os confrontos brutais entre os ditos “torcedores”, me perguntei se realmente aqueles eram seres racionais, pois a selvageria era tamanha que pareceu-me estar assistindo animais na floresta brigando por território e comida, só que ali, vai saber pelo quê estavam brigando. O simples fato de alguém torcer para time diverso do seu, seria justificativa? Por isso vos digo, aquilo (sim, aquilo) não são torcedores. São oportunistas que se camuflam sob as vestes de uma torcida de um time de futebol, para na multidão atuar “invisivelmente”.
Quem vai sofrer (e já estão sofrendo) as consequências dessas ações oriundas de sentimentos destrutivos, raivosos e ignorantes, serão os times que não poderão ter sua torcida de verdade prestigiando a partida, e os torcedores de bem, com suas famílias, que ficarão cada vez mais receosos em frequentar os estádios.
Enquanto os Órgãos Públicos continuarem tratando a violência no futebol de forma coletiva e não passarem a executar punições pontuais, individuais, por CPF, a anarquia prosseguirá e continuará se aproveitando deste esporte que nos traz tantas alegrias e histórias de superação.