Como torcedora apaixonada, várias vezes me questionei do porquê meu humor oscila de acordo com o desempenho do meu time. Não me considero fanática, nunca deixei, por exemplo, de pagar uma conta para comprar uma camisa que fora lançada recentemente, ou sacrifiquei outras despesas para ir ver meu time jogar. Assim, acredito que tenho um bom controle sobre minhas atitudes. Mas se eu fico de “bico” e fecho a cara, quando o resultado da partida é desfavorável, ou quando os amigos (os “antis”) vêm me perturbar com piadinhas e memes, será que tenho mesmo controle?
Podemos pensar: Ah! O charme do futebol é a resenha. Pois é, e eu gosto dessa zoeira, afinal, também a faço. Porém, se o jogo for a noite e meu time perde, nossa! Vou dormir irritada, demoro a pegar no sono e no dia seguinte parece que estou de TPM. Me estresso.
Buscando respostas, procurando me autoconhecer (pelo bem da humanidade que convive comigo), pesquisei sobre como nossa mente reage à determinadas situações e como isso interfere em nossas ações.
Li numa matéria da BBC News Brasil, que torcer para um time de futebol é um dos tipos de hábito que nos esgotam silenciosamente, pois seria um dos possíveis fatores que nos causam cansaço mental. De acordo com a publicação, torcedores fanáticos aceitam vitórias ou derrotas como suas, sentindo-se excessivamente tristes e desmoralizados ou eufóricos, e que qualquer emoção extrema costuma ser desgastante.
Bem, isso explica muito sobre a sensação de cansaço, quase que uma “ressaca” depois de assistir uma partida de futebol mais acirrada.
Em se tratado do meu Timão, se não tiver emoção e sofrência, não é o Cortinthians jogando, e eu fico triste quando meu time perde. Às vezes brava, às vezes irritada, às vezes não durmo direito, mas também fico muito feliz quando ganha. Até o dia parece que fica mais lindo! Será que sou um pouco fanática? Existe meio termo para esse adjetivo? Meio fanática, será?
Queria respostas, mas fiquei mais reflexiva ainda. A frase “qualquer emoção extrema costuma ser desgastante”, martelou em minha mente. Emoção e sentimento, tem diferença? E qual seria? A raiva que sinto quando um jogador perde uma oportunidade clara de gol, seria emoção ou seria sentimento? O “elogio” que bravejo a esse mesmo jogador, como desabafo pelo deslize cometido, seria consequência de uma emoção ou de um sentimento, ou de ambos?
O professor neurologista e neurocientista português, Antônio Damásio, famoso pelos seus estudos e descobertas acerca da mente e comportamento humanos, me ajudou, indiretamente, através de uma de suas palestras publicadas na internet, a entender essa diferença:
Emoção é algo inato, ocorre de forma objetiva. São reações que não temos controle, são fisiológicas, que acontecem em nosso corpo. Já o sentimento é algo subjetivo, que surge através da experiência mental (pensamentos) daquilo que está passando em nosso corpo.
Emoção é possível vê-la fisicamente. Por exemplo, ao tomar um susto, nosso coração acelera, a pele empalidece e os olhos se arregalam.
Já o sentimento por se passar na mente, é subjetivo por isso. Não temos como saber o que o outro está pensando, podemos apenas deduzir. Alguém pode estar triste, mas disfarçar a tristeza com um sorriso.
Agora entendi. Meu mau humor pós jogo de derrota, só se faz presente porque eu o “alimento” através dos meus pensamentos e isso gera em mim um fator desgastante que me faz sentir essa ressaca.
Antes do jogo, fico na expectativa, tento adivinhar o placar e até cogito a possibilidade de fazer uma apostinha básica com um amigo do time adversário, ou seja, já começo por aí a “nutrir” meu humor com essa ansiedade.
Bem, se a emoção não podemos controlar, nos resta dominar (ou domar) o sentimento. Estar consciente do que está sentindo e perguntar a si mesmo “o que preciso fazer para me acalmar?” ajuda a evitar estresses, conflitos ignorantes desnecessários e também o cansaço mental, que nos desgasta física e emocionalmente.
Você, meu futeamigo, como reage antes, durante e depois do jogo do seu time? Como isso influencia nas suas ações? Sei que de futebol você entende, mas “conhece-te a ti mesmo?”