01/06/2024 às 14h46min - Atualizada em 01/06/2024 às 14h46min

Programa de monitoramento do IAT ajuda a preservar manguezais do Litoral

AEN

DTA/Acquaplan
Como forma de preservar a biodiversidade do Litoral do Paraná, o Instituto Água e Terra (IAT), órgão vinculado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), mantém um Programa de Monitoramento dos manguezais nas regiões do Rio Matinhos e da Baía de Guaratuba. A ação é desenvolvida pelo Consórcio DTA/Acquaplan e integra o Plano Básico Ambiental para as obras de recuperação da Orla de Matinhos, principal intervenção urbana da história do Litoral do Paraná, com investimento de R$ 354,4 milhões por parte do Governo do Estado.

Coordenadora do projeto, a oceanógrafa Débora Ortiz, da Acquaplan Tecnologia e Consultoria Ambiental, explica que o trabalho começou em julho de 2022 e já elencou boa parte da fauna e flora presente em uma extensão de 40 mil hectares, que corresponde a cerca de 40 mil campos de futebol.


De acordo com ela, o objetivo é realizar a avaliação estrutural dos manguezais dentro de uma distribuição espaço-temporal, e analisar o estado de conservação e as características ambientais que atuam sobre o ecossistema manguezal. Até o momento não foi verificado nenhum impacto do projeto de revitalização da orla nos manguezais. “Também buscamos identificar e quantificar as espécies de caranguejos presentes nos manguezais da Baía de Guaratuba, com vista a identificar possíveis impactos das obras sobre o ecossistema e a fauna”, afirma a oceanógrafa.

A medida, segundo ela, busca ainda contribuir com a manutenção do status de “área de manguezais mais preservada da Grande Reserva Mata Atlântica”, segundo o Programa de Recuperação da Biodiversidade Marinha (Rebimar), iniciativa patrocinada pela Petrobras e pelo governo federal, e pesquisadores do Laboratório de Geoprocessamento e Estudos Ambientais da Universidade Federal do Paraná (Lageamb/UFPR). “É um grande patrimônio natural do Paraná que merece ser preservado”, diz Débora.

Preservação que conta com o apoio e a sabedoria de gente como o barqueiro e pescador Elvisley José Rocha Ferreira, 49 anos, o popular Belém. Para ele, manter esse ambiente saudável e sustentável é princípio de vida. “Vivo e trabalho aqui há mais de 30 anos, e a fartura sempre foi uma característica”, destaca. Ele demonstra grande consciência ambiental e faz somente o uso necessário do que pode ser explorado na baía. “Não pesco todo dia, pego minha rede e vou para os lances uma ou duas vezes por mês, e pego paratis, caratinga, tainhota, cangulo”.

A captura dos peixes, em grande parte, é para consumo familiar. Na baía, Belém tem como principal fonte de renda o cultivo de ostras, para o qual ele conta com parceria da UFPR nas análises de qualidade do produto. “Isso aqui é o sustento de muita gente, e se depender de nós não vai morrer nunca”, ressalta o pescador.

BAÍA DE GUARATUBA – A Baía de Guaratuba é o coração de uma das áreas mais preservadas da Mata Atlântica. Ela interage com o Oceano Atlântico por uma abertura de aproximadamente 500 metros, e prolonga-se para dentro do continente por cerca de 15 quilômetros. A profundidade da lâmina d'água, em alguns locais, alcança seis metros.

Os crustáceos braquiúros (caranguejos e siris) representam a fauna característica destes ambientes, possuindo um importante papel na cadeia alimentar, na aceleração do processo de decomposição da matéria orgânica e na aeração e renovação do solo. Além disso, muitas espécies são amplamente utilizadas como fonte de renda e proteína animal para as populações ribeirinhas como, por exemplo, o caranguejo-uçá, considerado como uma das espécies mais exploradas para o consumo humano, devido ao porte avantajado.


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