Reprodução/ONU O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, faleceu aos 63 anos em um acidente de helicóptero, conforme confirmado pelo Ministério das Relações Exteriores do Irã nesta segunda-feira (20).
Raisi, eleito em 2021 e com mandato até 2025, era a segunda figura mais importante do Irã, ficando atrás apenas do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país, de quem Raisi era protegido e potencial sucessor. De acordo com o blog de Sandra Cohen, a morte de Raisi deverá desencadear uma intensa disputa pelo cargo.
Segundo a imprensa oficial iraniana, o helicóptero caiu em uma região montanhosa do Irã devido às más condições climáticas durante um voo de retorno do Azerbaijão, que transportava Raisi e outras autoridades.
O acidente ocorreu entre as aldeias de Pir Davood e Uzi, na província do Azerbaijão Oriental, aproximadamente 600 km a noroeste de Teerã, a capital iraniana (veja no infográfico abaixo).
Além de Raisi, a queda também vitimou o chanceler do Irã, Hossein Amirabdollahian.
A aeronave ainda transportava Malek Rahmati, governador da província do Azerbaijão Oriental, e Hojjatoleslam Al Hashem, líder religioso. As mortes desses dois não foram confirmadas; no entanto, a imprensa oficial relatou anteriormente que não havia sinais de sobreviventes no local do acidente.
O helicóptero caiu por volta das 13h (horário local, 6h em Brasília), mas a aeronave só foi encontrada cerca de 12 horas depois.
Além das dificuldades de acesso ao local, o tempo ruim complicava os trabalhos de resgate. O helicóptero foi localizado por integrantes do Crescente Vermelho iraniano, organização parceira da Cruz Vermelha em países islâmicos, após um drone turco equipado com sensores térmicos identificar o local da queda.
Inicialmente, o ministro do Interior do Irã informou que o helicóptero que transportava o presidente tentou um pouso forçado. Mais tarde, a imprensa oficial afirmou que o acidente ocorreu devido às más condições climáticas.
Ebrahim Raisi foi eleito em primeiro turno em 2021 para um mandato de quatro anos, em uma eleição marcada por abstenção recorde e pela exclusão de vários adversários pelo Conselho de Guardiães da Constituição.
Entre os candidatos impedidos de participar estavam o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad, o ex-presidente do Parlamento Ali Larijani, o atual vice-presidente Es-Hagh Jahanguiri e o reformista Mostafa Tajzadeh.
Nos anos 1980, Raisi participou das chamadas comissões da morte, que resultaram na execução de cerca de 5 mil opositores do regime dos aiatolás. Em 2019, os Estados Unidos impuseram sanções a Raisi por seu envolvimento nessas mortes.
Em 2022, durante o governo de Raisi, o Irã reagiu com violência a uma onda de protestos que exigiam justiça por Mahsa Amini, uma jovem que morreu três dias após ser presa por não usar o véu corretamente em público (veja no vídeo abaixo). Mais de 500 manifestantes foram mortos nos protestos, segundo a Agência de Notícias de Ativistas de Direitos Humanos (Hrana).
Na ocasião, Raisi declarou que o Irã deveria "lidar de forma decisiva com aqueles que se opõem à segurança e à tranquilidade do país".
No cenário internacional, o Irã vivia uma escalada de tensão com Israel. Em 1º de abril, sete membros da Guarda Revolucionária Iraniana foram mortos em um ataque à embaixada do Irã na Síria. Em resposta, em 13 de abril, o Irã lançou um ataque contra Israel, que retaliou em 18 de abril.