William Brisida/Itaipu Binacional Num momento em que o debate da agenda verde se faz urgente e necessário, a Itaipu Binacional comemora os 40 anos de seus Refúgios e Reservas da usina como uma vitrine de boas práticas ambientais para o mundo.
Nesta quinta-feira (27), as Diretorias de Coordenação do Brasil e Paraguai, responsáveis pelas ações ambientais da usina, celebraram a data com os(as) empregados(as) das duas áreas no Mirante do Vertedouro da Margem Direita (paraguaia).
Uma placa alusiva ao evento foi descerrada no final da cerimônia pelo superintendente de Gestão Ambiental, Wilson João Zonin, representando o diretor de Coordenação, Carlos Carboni, e pelo diretor de Coordenação executivo, o paraguaio Julio Rodrigo Paredes Duarte. O local ficou lotado.
Zonin explicou que a Itaipu Binacional lançou o programa Itaipu Mais Que Energia com o pensamento de que a água, a biodiversidade e o clima apresentam conexões que precisam estar integradas. “Os 40 anos dos nossos Refúgios e Reservas ambientais representam um caso de sucesso de reflorestamento, de conservação das nossas florestas, e são um exemplo para o planeta”, enfatizou.
Desafios
O superintendente ressaltou a importância dos trabalhadores que enfrentaram muitos desafios nesses 40 anos. “Eles tiveram muita ousadia para iniciar esses processos em tempos difíceis, em que os governantes não incentivavam a pauta ambiental, numa clara demonstração de negacionismo do meio ambiente, que era muito forte naquela época. Então, a bravura de vários empregados, de várias lideranças, fez que nós tenhamos hoje essa realidade.”
Do lado brasileiro, são 34 mil hectares de áreas florestais recuperadas. No Paraguai, são 100 mil hectares. Zonin recordou que as florestas sequestram carbono. “São cerca de 3 mil toneladas por ano de carbono sequestradas pelas nossas florestas. Seja pelo carbono ou seja pela biodiversidade, o que é mais importante, estamos hoje comemorando essa experiência exitosa.”
Para o diretor paraguaio, a marca dos 40 anos tem uma representação muito importante para a população. “O que fazemos em Itaipu é uma demonstração de desenvolvimento sustentável de conservação dos nossos recursos naturais.”
Vale destacar que tal reconhecimento, continuou Julio Rodrigo Paredes Duarte, garantiu ao lado paraguaio da usina o reconhecimento como Reserva da Biosfera, em 2017. As áreas protegidas da Itaipu no Brasil ganharam o mesmo status em 2019.
O território é considerado como zona-núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) pelo Programa “O Homem e a Biosfera” (MaB, na sigla em inglês) da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Pioneirismo
Entre os pioneiros em projetos ambientais de Itaipu está o assistido Arnaldo Muller, ex-superintendente, responsável pela Operação Mymba Kuera, a base para a criação dos refúgios biológicos da usina.
“A grande preocupação nossa era a seguinte: quantas caixas, quantos tipos de embalagens teríamos que ter para abrigar os animais. E era muito complicado, porque nós não tínhamos uma noção precisa da quantidade”. E complementa: “Sabíamos o que iriamos encontrar com base nas nossas pesquisas, mas não era fácil dimensionar tudo isso”.
Uma curiosidade é que, quando foram buscar ajuda de um zoológico em São Paulo - um reforço da área científica, algumas dicas -, o pessoal de lá comentou que poderia ajudar, só que levaria uns dez anos para fazer um inventário com essas informações. Detalhe: a formação do reservatório aconteceria no ano seguinte.
Com prazo curto, fizeram o que achavam necessário. “E aí, no fim das contas, olhamos para trás e vemos que foi uma operação bem-sucedida. Não tivemos nenhum incidente.”
Embora houvesse risco de saúde para os empregados envolvidos naquela missão, em razão da grande quantidade de formigas e cerca de 2.400 serpentes que caíam das árvores, apareciam no lago ou eram resgatadas nas embarcações, os técnicos se mantiveram firmes.
“No governo militar, a visão era de acabar com os investimentos em meio ambiente. Tivemos a sorte de ter preservado tudo isso em meio àquela fase crítica. Ao longo do tempo, sabemos que a preservação desse projeto era sustentável desde o início”, disse Arnaldo Muller.
E finalizou: “Não é possível imaginar hoje uma Itaipu sem dar atenção à fauna, à flora e à população que vive no seu entorno”.
Outros eventos
A programação especial dos 40 anos de áreas protegidas prossegue neste sábado (29), com a Nanocorrida de Aventura. O evento é exclusivo para empregados(as) da Itaipu.
A data vem sendo comemorada desde o último dia 15, quando ocorreu o Arraiá no Refúgio Biológico Bela Vista (RBV). No dia 29, estão programados passeios ciclísticos em todos os refúgios da Itaipu no lado brasileiro. Com data ser definida, acontecerá um simpósio de trabalhos científicos sobre conservação da biodiversidade, com data ser definida.
Áreas protegidas
Criadas oficialmente em 27 de junho de 1984, as reservas da Itaipu completam 40 anos de existência, promovendo a restauração dos ecossistemas ameaçados, a conservação da biodiversidade, o desenvolvimento de pesquisas e a integração com a comunidade.