Divulgação Curitiba vem registrando em 2024 um número incomum de casos de hepatite A, o que levou a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) a emitir um alerta aos serviços de saúde para os sinais e sintomas da doença e a atenção ao tratamento necessário. De janeiro a 18 de abril deste ano, dados preliminares, foram confirmados na cidade 100 casos de hepatite A, sendo que a média histórica era de dez casos por ano.
“A hepatite A geralmente é uma doença de caráter benigno, mais comum em crianças. No entanto, os casos confirmados neste ano têm acometido adultos jovens e com gravidade, o que demanda maior atenção das equipes de saúde”, explica a secretária municipal da Saúde de Curitiba, Beatriz Battistella.
Dos 100 casos confirmados, 62% necessitaram internamento e 6% precisaram de cuidados intensivos, ou seja, internação em UTI. Foram registrados três óbitos por Hepatite A aguda nesse período: uma mulher de 29 anos, e dois homens, de 40 e 60 anos. Um homem de 46 anos precisou ser submetido a transplante hepático em decorrência da doença e se recupera em casa. A maioria dos casos confirmados, 81%, acomete homens jovens, entre 20 e 39 anos.
Hepatite A
Também conhecida como hepatite infecciosa, a hepatite A geralmente é uma doença de caráter benigno. Mais comum em crianças pequenas, a transmissão está relacionada às condições de saneamento, higiene pessoal, qualidade da água e dos alimentos. Nos adultos, além da transmissão pela água e alimentos, também pode ocorrer pela relação sexual desprotegida, principalmente quando há a prática de sexo oral/anal.
“O vírus da hepatite A está presente nas fezes dos indivíduos e pode permanecer vivo no meio ambiente por período prolongado, o que facilita a transmissão”, relata o diretor do Centro de Epidemiologia da SMS, Alcides Oliveira, reforçando a necessidade dos cuidados para prevenir o contágio. Segundo ele, mesmo depois de não apresentar sintomas e ter a resolução clínica da doença, as crianças que foram contaminadas mantêm a eliminação viral por até cinco meses. Em média, o período de incubação do vírus após a contaminação é de 30 dias, sendo que pode acontecer entre 15 e 45 dias.
Casos
A série histórica de vigilância das hepatites virais da Secretaria Municipal da Saúde registrou, entre 2012 e 2022, 111 casos de hepatite A em Curitiba. Geralmente, são menos de dez casos por ano, mas em alguns períodos as confirmações cresceram. Em 2012, foram confirmados cinco casos da doença na cidade; três em 2013; cinco em 2014; cinco casos também em 2020, 2021 e 2022. O maior número registrado em Curitiba havia sido em 2018, com 21 confirmações.
Já nos primeiros meses de 2024, dados preliminares, foram confirmados 100 casos de hepatite A em Curitiba, que estão sob investigação do centro de epidemiologia da SMS. “Com as notificações fora do padrão registrado nos anos anteriores, estamos analisando os dados para identificar a fonte das contaminações a fim de intervir na situação”, disse Oliveira.
Sintomas
Os sintomas da hepatite A muitas vezes podem ser confundidos com os de outras doenças. Os principais são fadiga, mal-estar, febre e dores musculares. Com a evolução do quadro, podem surgir sintomas gastrointestinais como enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia. A pessoa contaminada também pode apresentar urina escura (cor de coca-cola) e a pele e os olhos amarelados (icterícia).
Vacina
Desde 2014, a vacina de hepatite A está disponível no calendário básico de vacinação do SUS para crianças menores de 5 anos. Todas as unidades de saúde da capital paranaense oferecem a imunização contra a doença.
No Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE) a vacina de hepatite A está disponível para os seguintes grupos:
Hepatopatia crônica de qualquer etiologia, inclusive portadores do vírus da hepatite C e B.
Pessoas vivendo com HIV/aids.
Imunodepressão terapêutica ou por doenças imunodepressoras.
Coagulopatias, doenças de depósito, fibrose cística, trissomias, hemoglobinopatias.
Candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes.
Transplantados de órgão sólido (TOS).
Transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH).
Asplenia anatômica ou funcional de doenças relacionadas.
Saiba como prevenir a contaminação pela Hepatite A
Lavar as mãos (incluindo após o uso do sanitário, trocar fraldas e antes do preparo de alimentos);
Lavar com água tratada, clorada ou fervida, os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos;
Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes;
Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
Usar instalações sanitárias;
No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária.
Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto;
Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios;
Usar preservativos e higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais.