Com mais de 400 mil armas registradas em nome de civis, o Paraná está entre os estados mais armados do país. O dado é de um levantamento exclusivo do Bem Paraná, com base em números da Polícia Federal, obtidos pelo Sistema Nacional de Armas (Sinarm).
Atualmente, o estado soma 404.063 registros ativos, sendo 252.575 para defesa pessoal e 151.488 vinculados a CACs (colecionadores, atiradores desportivos e caçadores). Com uma população de 11,89 milhões de habitantes, a taxa é de 3,4 armas para cada 100 pessoas — índice 61% superior à média nacional (2,11 armas/100 habitantes).
Comparação nacional
Em todo o Brasil, são 4,5 milhões de armas registradas, das quais 2,94 milhões ligadas à defesa pessoal e 1,57 milhão a CACs.
O Paraná ocupa a 3ª posição em número absoluto de armas, atrás apenas de São Paulo (918.028) e Rio Grande do Sul (728.105). Minas Gerais (405.525) aparece em seguida, e Santa Catarina (321.729) fecha o “top 5”.
Já no ranking proporcional, os paranaenses estão em 6º lugar. O estado é superado por Rio Grande do Sul (6,48 armas/100 habitantes), Acre (6,02), Rondônia (4,4), Santa Catarina (3,93) e Mato Grosso (3,9). Na outra ponta, estados como Bahia (0,69) e Maranhão (0,74) registram os menores índices.
Registros vencidos
Um dado chama atenção: 59% das armas de defesa pessoal no Paraná estão com registro vencido. Dos 252,5 mil registros, 149.429 estão irregulares, e outros 235 foram cancelados.
No Brasil, a situação é semelhante. Entre os 2,93 milhões de registros de defesa pessoal, 1,62 milhão estão vencidos e 3.006 cancelados. Na prática, seis em cada dez armas estão sem registro válido.
A renovação exige que o proprietário não tenha antecedentes criminais, comprove residência e atividade laboral, além de demonstrar capacidade técnica para o manuseio da arma. Após o vencimento, a PF notifica o dono, que tem 60 dias para renovar, transferir ou entregar o armamento. Caso contrário, pode ter o registro cassado e a arma apreendida.
Desde 2020, no entanto, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) entende que o vencimento não caracteriza crime, mas apenas irregularidade administrativa — o que, segundo a própria PF, enfraqueceu a fiscalização e reduziu o estímulo à renovação.
Queda nas concessões
Outro movimento observado é a queda no número de novas armas registradas. Durante o governo Bolsonaro (2019-2022), foram 564 mil concessões em todo o país, média de 141 mil por ano. Já entre 2023 e agosto de 2025, no governo Lula, foram menos de 75 mil registros — menos de 30 mil anuais.
No Paraná, a mesma tendência se confirma. Entre 2019 e 2022, foram 36 mil concessões, cerca de 9 mil por ano. Já no período atual, foram apenas 3.225 novos registros em quase três anos, sendo que, em 2024, não chegaram a mil (982).