Choveu hoje em Rio Branco. Parece comum dizer que choveu. Parece, mas não é, quando se vive numa região cujas estações do ano se dividem em duas: a da chuva e a da seca. No início deste ano, em duas ocasiões, falei sobre a chuva que inundou a cidade. Passado o mês de maio, veio a estiagem, que se estende até agora. Com ela, os rios, que outrora transbordaram, inundando as ruas de muitas cidades acreanas, passaram a ser atravessados a pé, em vários pontos. Essa realidade me permitiu, nesta tarde, desviar o olhar da apresentação dos trabalhos dos alunos e focar na janela, para contemplar a chuva, ver a água escorrendo pelo asfalto, olhar a grama sendo encharcada pelo alimento divino a que tanto ansiava. Choveu! Choveu a chuva deliciosa que rompeu o silêncio de meses de estiagem. Invadiu rios e lagos, tocou a terra e ofereceu a ela a essência mágica do refazer-se em fertilidade. Bem-vinda, chuva! Que as águas de março que fecharam o verão amazônico possam agora ser as águas de outubro que abrem o inverno desta região.