28/05/2023 às 21h22min - Atualizada em 28/05/2023 às 21h10min
Sírios-libaneses na Amazônia acreana
Fotos da autora
Claudia Vanessa Bergamini
Claudia V. Bergamini Tanto a Síria quanto o Líbano ficaram sob o domínio do império Otomano, por isso, é comum esses povos, cada um de seu país, ser tratado por turco. Na Amazônia próspera do ciclo da borracha, esses povos chegavam via Porto de Manaus e de Belém. Ao desembarcarem, eram classificados, por assim dizer, como turcos. Um fato interessante registrado por historiadores que se voltam ao estudo dessa imigração é que o imigrante pobre era tratado como turco, ao adquirir bens, passava a ser sírio e, quando abria um comércio, era libanês. Marcas linguísticas de cunho preconceituoso que se estendem até nossos dias.
No entanto se estende também a cultura desses povos em meio às cidades que se formaram em clarões de floresta. Manaus tem uma colônia grande e, além da influência culinária, não posso deixar de registrar a presença de Astrid Cabral e Milton Hatoum, poetisa e romancista, respectivamente, com uma escrita literária preciosa.
Em Rio Branco, a gastronomia se fez e se refez, isso porque, na ausência de alguns produtos típicos, o quibe passou a ser feito de arroz, dando identidade e sabor novos a essa especiaria, e até hoje é o salgado mais comum da região.
Com o passar das décadas, as distâncias diminuíram e restaurantes de comida libanesa são referência na capital acreana. O mais interessante é que o ambiente interno reporta o cliente para o Oriente Médio, mas a visão da janela permite ver um espaço de mata nativa, árvores altas refletindo o verde. Os olhos miram a floresta enquanto a boca viaja por outros sabores.