Com o objetivo estimular o gosto pela literatura e ampliar a capacidade de leitura crítica dos custodiados, a Polícia Penal do Paraná, através da Divisão de Educação e Capacitação, lançou, nesta semana, o Projeto Especial de Leitura na Penitenciária Estadual de Maringá (PEM). A iniciativa prevê a leitura, o debate em grupo e a produção de resenhas de obras clássicas da literatura mundial. Para a primeira rodada foi escolhido o livro "Crime e Castigo", do autor russo Fiódor Dostoiévski.
A iniciativa faz parte do programa Remição pela Leitura, que existe há 10 anos nas penitenciárias do Paraná e já ajudou a reduzir a pena de cerca de 35 mil pessoas privadas de liberdade. O projeto lançado nesta semana também tem como benefício a redução de pena aos participantes. A ideia é aplicá-lo futuramente em todos os estabelecimentos penais do Paraná.
No programa, a pessoa privada de liberdade escolhe um livro e deve entregar um texto sobre ele ao fim da leitura. Já no projeto especial, a obra é selecionada previamente pelo setor educacional da penitenciária. Os interessados têm um tempo definido para ler e produzir uma resenha, demonstrando que têm compreensão sobre o conteúdo. Além disso, devem participar de uma roda de conversa ou de apresentações culturais sobre o tema.
“Uma das diferenças é que este é um programa com maior profundidade, que vai exigir mais do apenado. São obras clássicas que demandam reflexão para serem compreendidas, como é o caso de 'Crime e Castigo', cujo texto tem múltiplas camadas implícitas, de modo que cada pessoa poderá compreendê-lo de uma maneira, dependendo de sua vivência e conhecimento”, explicou o diretor-geral da Polícia Penal, Osvaldo Messias Machado “Normalmente, o leitor terá que ler duas, três ou mais vezes certos trechos ou talvez o livro inteiro”.
A ideia da implantação do projeto é proporcionar a ressocialização dos detentos. “A leitura é um ingrediente importante no processo de ressocialização, somando-se ao trabalho e ao estudo regular. É importante que apliquemos iniciativas como esta para reduzir a reincidência criminal”, disse o diretor do Complexo Penitenciário de Maringá, Júlio César Franco.