Prefeito Rafael Greca acompanhado do Bispo Dom Pedro Fedalto e de Eduardo Pimentel durante Inauguração do Museu de Arte Sacra anexo a Igreja da Ordem no Largo da Ordem, Centro Histórico -(Foto: Daniel Castellano / SMCS ) O Museu de Arte Sacra (Masac) foi reaberto ao público nesta sexta-feira (8/12) depois de passar um ano fechado para obras de restauração. Os visitantes vão encontrar um museu completamente renovado, interativo, tecnológico e adequado aos conceitos museológicos mais contemporâneos.
A entrega foi feita pelo prefeito Rafael Greca e pelo arcebispo dom José Antônio Peruzzo, que também assinaram um termo de convênio entre a Arquidiocese de Curitiba e a Prefeitura, por meio da Fundação Cultural, para uso do espaço como museu.
Recordações e memória A Igreja da Ordem, da qual o Masac ocupa espaço anexo, foi cenário para a solenidade e despertou recordações em Greca. “Aqui se casaram meus pais em 28 de maio de 1956 e o vice-prefeito Eduardo Pimentel, aqui presente, foi crismado”, disse.
Sobre a nova concepção do Museu, Greca destacou a contribuição do local para a História da Igreja. “Este lugar é um testemunho da fé cristã, um espaço extraordinário da memória brasileira sobre o que é sacro”, disse Greca, acompanhado pela primeira-dama, Margarita Sansone, e pelo arcebispo emérito Dom Pedro Fedalto. O religioso, que está completando 70 anos de ordenação sacerdotal, é padrinho de casamento do prefeito.
O Arcebispo agradeceu o empenho da Prefeitura em apoiar a Cúria na revitalização do espaço. “Quem cuida da história não perde a memória e a vivência das próprias riquezas”, afirmou.
Masac O Museu está integrado à Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas, a mais antiga edificação de Curitiba, de 1738, que também está sendo restaurada, mas os trabalhos ainda estão em curso. O restauro da igreja e do museu foi contratado pela Mitra Diocesana de Curitiba e viabilizado por meio da venda de cotas de potencial construtivo da Prefeitura. Para a execução, o prefeito Rafael Greca e o arcebispo de Curitiba, dom José Antônio Peruzzo, assinaram um termo de incentivo. As obras tiveram início em dezembro do ano passado.
Nesse período, todo o seu acervo, composto de mais de 1.500 peças de arte religiosa, objetos de culto e mobiliários, passou por um minucioso processo de higienização e conservação preventiva, realizado por uma equipe de especialistas da Fundação Cultural de Curitiba. Em exposição estarão 230 peças entre as mais significativas do acervo.
Exposições Uma curadoria foi especialmente contratada para a concepção do ambiente, que está dividido em dois espaços: um destinado à exposição permanente das obras do acervo e outro para as exposições temporárias.
A exposição permanente, denominada “Sagrada Memória”, está subdividida em oito temas conforme a categoria das coleções de arte e objetos. O marco inicial é o “Histórico da Matriz”, com itens litúrgicos e devocionais ligados à Ordem Terceira de São Francisco. Nesse ambiente está exposta numa redoma central a réplica da imagem da padroeira da cidade, Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. As outras coleções são “Os símbolos de fé” (que reúnem medalhas, pingentes e terços), “Santinhos e folhetos”, “Crucifixos”, “Os Santos”, “Padroeiros”, “Imaculadas” e “A Sacristia”.
A primeira mostra no espaço de exposições temporárias, “Restauro e Memória”, é dedicada a contar sobre o próprio processo de restauração da Igreja da Ordem e do Museu. Uma das novidades é o Jardim de São Francisco das Chagas, que foi elaborado numa área antes usada como depósito. Numa ambientação que convida à contemplação, o espaço recebeu uma belíssima imagem do presépio feita em mosaico pela artista Patrícia Ono.
O espaço foi pensado como um ambiente que remete ao local onde viveu São Francisco de Assis. Junto ao mosaico há um pequeno jardim, cuja forma lembra as montanhas e os terraços característicos na Itália. Entre as plantas, foram escolhidas espécies mediterrâneas: lavanda, sálvia, alecrim, bálsamo, festuca e ametista.
Interatividade
Em termos de estrutura física, o Museu possui modernos equipamentos de climatização, iluminação, sonorização e segurança, mobiliário totalmente novo e meios digitais de acesso às informações. São muitos elementos que garantem a interatividade do público, o que não é comum entre os museus de arte religiosa.
No Jardim de São Francisco, há três nichos com caixas de som em volume baixo, em que o visitante se aproxima como se fosse um confessionário, para ouvir a oração de São Francisco, os sons da natureza e por fim uma explicação sobre os simbolismos daquele espaço.
Todas as peças em exposição possuem um QR Code, por meio do qual o visitante tem acesso a textos e áudios com informações sobre a obra. Em uma tela interativa, o espectador pode escolher conteúdos variados sobre a história da Igreja da Ordem, sobre o acervo e sobre o processo de restauro, entre outras informações.
Outra proposta de interação é a possibilidade de o público conhecer a materialidade das obras sacras. Em gavetas de vidro, ficam expostos para tocar os materiais normalmente utilizados, como a madeira, a argila, a terracota e a pedra sabão.
Preciosidades do acervo O acervo do Museu de Arte Sacra contém esculturas de santos, pinturas, livros, paramentos em tecido, cálices e outras peças em metal, crucifixos, medalhas, terços, santinhos de papel, entre outros elementos que, pelas suas características históricas, foram reunidos pela Mitra da Arquidiocese de Curitiba. Algumas obras foram incorporadas pela Fundação Cultural de Curitiba.
Entre as peças de maior destaque está a imagem de Bom Jesus dos Pinhais em terracota, de fins do século XVII, tida como a mais antiga do acervo. Consta que seria da mesma época da imagem primitiva de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, trazida pelos colonizadores e colocada na capela erguida pelos fundadores da cidade.
Também é destaque no acervo a segunda imagem de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais (a primeira está no acervo do Museu Paranaense), esta trazida de Portugal para o altar-mor da antiga Igreja Matriz de Curitiba, em aproximadamente 1720. A terceira imagem da padroeira é a que está atualmente na Catedral Basílica.
Outras peças relevantes são a imagem de Nossa Senhora do Carmo em madeira, que apresenta uma pintura policromada com pigmentação em ouro, procedente da Igreja Matriz de Paranaguá; a imagem de São Benedito em barro, do século XVII, padroeiro da Igreja do Rosário; a pintura em tela da Santa Ceia, de Theodoro de Bona (1948); uma peça escultórica em pedra sabão, atribuída a Aleijadinho, representando São Francisco no Monte Alverne aos pés de Cristo na cruz; e os santos em roca, que são esculturas articuladas e ocas, ornamentadas com vestes em tecido e perucas de cabelo natural, normalmente utilizadas em procissões, por serem mais leves. Os dois santos de roca mais interessantes da coleção são o Nosso Senhor dos Passos e São Francisco de Assis, padroeiro da Igreja da Ordem.
Arquitetura O trabalho de restauro da Igreja da Ordem e do Museu de Arte Sacra está sendo acompanhado pela equipe de Patrimônio Histórico da Fundação Cultural de Curitiba e do Ippuc. Durante os trabalhos, foram descobertas pinturas históricas da época da visita do imperador Dom Pedro II a Curitiba.
As pinturas decorativas estavam debaixo de várias camadas de tinta que o prédio recebeu ao longo dos anos. Elas foram descobertas pela equipe de restauradores contratados pela Mitra Diocesana de Curitiba, foram recuperadas e agora fazem parte do conjunto arquitetônico. Os restauradores também deixaram à vista uma parte da estrutura interna das paredes, para mostrar aos visitantes as técnicas construtivas do período colonial.
Patrimônio histórico
O conjunto composto por Igreja e Museu é tombado pelo Patrimônio do Estado do Paraná desde 1966, sendo Unidade de Interesse Especial de Preservação do município desde 2019.
A Igreja da Ordem é o mais antigo templo católico de Curitiba. A paróquia teve origem na Igreja Nossa Senhora do Terço, que foi construída por imigrantes portugueses em 1737. Foi sede de um convento franciscano (1752-1783). A última restauração data de 1980 e foi concluída em dois anos.
O Museu de Arte Sacra foi inaugurado em 12 de maio de 1981 pelo então arcebispo Dom Pedro Fedalto, com recursos das “Festas da Igreja da Ordem”, Arquidiocese de Curitiba, Fundação Roberto Marinho e Fundação Cultural de Curitiba. Mediante um convênio com a Mitra, a Fundação Cultural de Curitiba ficou desde então responsável pela manutenção do acervo. Nos anos seguintes, peças religiosas de interesse histórico e artístico, doadas à Fundação Cultural, também foram incorporadas ao acervo do Masac. Algumas vieram da coleção Poty Lazzarotto, doadas ao município pelo artista.
Também participaram do evento o reitor da Igreja da Ordem, padre Antônio Luciano de Lima; as produtoras culturais Regina Casillo e Lúcia Casillo Malucelli; os secretários municipais do Governo Municipal, Luiz Fernando Jamur, Esporte, Lazer e Juventude, Carlos Eduardo Pijak Júnior, da Educação, Maria Sílvia Bacila e da Comunicação Social, Cínthia Genguini; os presidentes da Fundação Cultural, Ana Cristina de Castro, e da Companhia de Habitação Popular, José Lupion Neto; o superintendente da Guarda Municipal, Carlos Celso dos Santos Júnior; os vereadores Mauro Ignácio, Serginho do Posto e Mauro Bobato; além da equipe técnica envolvida no processo de restauração do Masac.
Serviço Museu de Arte Sacra de Curitiba
Largo da Ordem, anexo à Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas
Horários: de terça a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 18h; sábados e domingos, das 9h às 14h.
Entrada gratuita