16/07/2023 às 09h17min - Atualizada em 16/07/2023 às 09h17min

Estudo aponta que meninas começam a beber álcool antes dos meninos

Da Redação

Foto: Freepik
No Brasil, a dependência por álcool e tabaco, consideradas drogas lícitas, se mantém no topo da preocupação dos especialistas em dependência química. Neste caso, um dado alarmante para a Associação Brasileira de Estudos e Álcool e outras Drogas (ABEAD) é o aumento do consumo de álcool por meninas, entre 12 e 13 anos de idade, ainda no ensino fundamental, muito antes que os meninos. 
 
De acordo com a ABEAD, quanto mais precoce a experimentação, mais chances de desenvolver problemas graves como o alcoolismo.  “Biologicamente, as mulheres são mais vulneráveis, mais afetadas que os homens pelo álcool, em todos os sentidos. Desde o cabelo à pele e órgãos internos”, ressalta a presidente da ABEAD,  a psiquiatra Alessandra Diehl. 

 
Além de envelhecidas pelo uso do álcool, as mulheres em idade fértil e na gestação desenvolvem a síndrome alcoólica fetal. “Esta síndrome é muito grave porque a mãe vai gerar um bebezinho com baixo peso ao nascer, com retardo mental, com dificuldade de caminhar e falar”, enumera a psiquiatra.
 
No XXVII Congresso da ABEAD, de 03 a 06 de setembro em São Paulo (SP) , serão discutidos este e outros assuntos envolvendo as políticas públicas de atendimento aos Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias e Transtornos Aditivos, também chamados comportamentais.

Novos fenômenos de drogas como os vapers (cigarros eletrônicos), as drogas sintéticas denominadas K e Z, cocaína batizada com fentanil e as dependências comportamentais como sexo, jogos, compras, internet e trabalho fazem parte do amplo debate do congresso com mais de 170 palestras e outros eventos paralelos.

TRANSTORNOS ADITIVOS 
Segundo a ABEAD, os transtornos aditivos se caracterizam pelo uso compulsivo de determinada substância e desejo incontrolável de consumir mais, chegando a causar prejuízos em várias esferas da vida de um indivíduo. A falta da substância no organismo provoca a chamada síndrome de abstinência. 
 
“Em resumo, a pessoa  estabelece uma relação de apego doentio pela sua droga de escolha tornando-se um ‘escravo’ da mesma. Ele vive pra usar e usa pra viver”, descreve Alessandra Diehl. Neste caso, o componente genético também pode favorecer o desenvolvimento de transtornos aditivos. “As pessoas mais vulneráveis são, principalmente, as que possuem algum membro na família dependente de álcool e outras drogas. Existe aí tanto uma carga genética herdada quanto um aprendizado por modelagem”, destaca.
 
Por isso, o ambiente familiar tem relação direta com os aditivos. “Nós sabemos hoje que crescer em um lar observando, assistindo e vivenciando os pais beberem ou se drogarem, aumentam as chances desta criança vir a experimentar droga e se tornar dependente da mesma na adolescência ou quando adulto”, ressalta. 
 
Um detalhe que compromete o diagnóstico e tratamento, segundo a psiquiatra, é o tempo que o transtorno aditivo leva para se manifestar. “Entre o início, uma espécie de namoro, e o aprisionamento pela droga de escolha, nem sempre há uma clara relação de adição, isto porque os transtornos aditivos se desenvolvem num continuum de tempo”, explica.
 
Assim como o período, os efeitos também diferem entre os adictos, diz Alessandra. “E com o tempo que pode ser variável de pessoa pra pessoa, o indivíduo começa a ter compulsão, tolerância, fissura, síndrome de abstinência, prejuízos devido ao uso como as complicações na saúde física e mental, com atraso escolar, perda de emprego, relacionamentos conturbadas e muitas vezes desfeitos , envolvimento em acidentes, criminalidade, entre outros”, ressalta a presidente da ABEAD. 
 
REDES SOCIAIS E ELETRÔNICOS
Desde 1.º de janeiro de 2022, o vício em games começou a figurar na Classificação Internacional de Doenças, a CID-11, oficialmente como um transtorno de cunho mental e emocional. A intensidade, frequência e duração do tempo da atividade são fatores determinantes para fechar um diagnóstico de transtornos relacionados a redes sociais e jogos eletrônicos.
 
Para a ABEAD, num mundo em que a tecnologia é aliada em várias frentes de trabalho e na promoção de inúmeras facilidades na vida moderna é preciso atenção para o comportamento diante das ferramentas nas redes sociais e jogos eletrônicos. 
 
“As redes sociais e os eletrônicos não podem substituir a conversa do almoço ou do restaurante, ser prioridade a um passeio com amigos. Quando isso acontece, é sinal que algo está indo para um caminho muito ruim, porque nada deveria substituir ou ter prioridades as relações humanas reais de afeto e vínculo”, aponta Alessandra Diehl. 
 
No XXVII Congresso da ABEAD, a Mesa Redonda que aborda o tema “A droga do meu comportamento” abre o debate para questões como a dependência do trabalho, transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva (TOC), a síndrome de Burnout, dependência de sexo e em pornografia e até por negociação de  criptomoedas, bolsa de valores e suas associações com jogos de azar e saúde mental. 
 
Transtornos aditivos têm tratamento e é dividido em diversas fases, conforme a complexidade de cada caso, desde a desintoxicação, que não necessariamente precisa ser com a internação, à uma série de abordagens psicossociais, como entrevista motivacional, prevenção de recaída, treinamento de habilidades sociais por exemplo. Os grupos de autoajuda anônimos como os Alcoólicos, Narcóticos, Sexo e Jogos Eletrônicos, também contribuem para a recuperação sendo acessíveis e gratuitos. 


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