O avanço da colheita da segunda safra de milho no Paraná confirma a expectativa de produção recorde para o ciclo 2024/25. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, a estimativa atual é de 17,06 milhões de toneladas — superando a previsão inicial de 16,8 milhões. Até o momento, cerca de 64% dos 2,77 milhões de hectares plantados já foram colhidos.
Somando-se à primeira safra, que rendeu pouco mais de 3 milhões de toneladas, o Estado ultrapassa a marca de 20 milhões de toneladas de milho nesta temporada, o maior volume já registrado. Os dados constam na Previsão Subjetiva de Safra (PSS) divulgada nesta quinta-feira (31).
“Foi uma surpresa positiva. A geada no fim de junho indicava possível queda, mas os números mostram o contrário: tivemos aumento de produção”, explicou o analista Edmar Gervásio, do Deral. Segundo ele, além de um pequeno ajuste de área, a alta produtividade das lavouras menos afetadas pelas condições climáticas compensou as perdas causadas pelas ondas de calor em fevereiro e pelas geadas posteriores.
Gervásio pondera que os cerca de 30% restantes a serem colhidos, principalmente na região Norte, podem ter rendimento inferior, mas isso não deverá alterar significativamente o quadro geral. “Já podemos afirmar com segurança que esta é a maior safra da história do Paraná em volume e área cultivada”, reforça.
No cenário nacional, a Conab projeta uma safra recorde de 132 milhões de toneladas. “Mesmo com preços não tão elevados, o retorno ao produtor é positivo e ajuda a reduzir custos na cadeia de proteínas, favorecendo a manutenção ou até redução dos preços ao consumidor”, destacou Gervásio.
Feijão: Paraná mantém recorde mesmo com leve ajuste
A safra de feijão no Estado foi encerrada em meados de julho com produção de 862 mil toneladas. Houve uma leve redução de área, de 328,2 mil para 327,6 mil hectares, o que impactou em uma queda de cerca de 3 mil toneladas. Ainda assim, o Paraná manteve o recorde na produção da leguminosa, segundo o agrônomo Carlos Hugo Godinho, do Deral.
Café: colheita avança com produtividade alta
Com mais de 80% dos 25,4 mil hectares colhidos, a safra de café avança bem no Paraná. O tempo seco favoreceu tanto a colheita quanto a secagem dos grãos, e a produtividade está próxima do teto previsto, com 1.752 quilos por hectare. A produção estimada é de 44,5 mil toneladas. Embora o Estado tenha participação modesta no mercado nacional, se destaca na produção de café solúvel.
Godinho chama atenção para possíveis impactos da nova tarifa imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, que não incluiu o café nas exceções. “Os EUA têm poucas alternativas ao café brasileiro, então o mercado deve encontrar uma saída”, avaliou.
Trigo: geadas reduzem previsão de produção
A área plantada com trigo no Paraná está estimada em 833 mil hectares, com produção projetada em 2,61 milhões de toneladas — um leve recuo em relação à previsão anterior de 2,68 milhões. As geadas de junho causaram perdas, especialmente na região Norte, que deve colher 84 mil toneladas a menos do que o potencial de 880 mil toneladas. Godinho ressalta, porém, que os impactos totais ainda dependem da avaliação dos danos às lavouras.
Outras culturas de inverno: cevada, aveia e olerícolas
Cevada: não foi afetada pelas geadas. A área foi revisada para 98,9 mil hectares, com produção estimada em 431,7 mil toneladas. Apesar do crescimento, o Estado ainda precisará importar o produto para atender à indústria de malte, que tem expandido mais rapidamente que a produção agrícola.
Aveia: sofreu perdas pontuais com as geadas, mas o impacto deve ser pequeno. A colheita deve render cerca de 245 mil toneladas, somando as variedades preta e branca.
Batata: a segunda safra está estimada em 315,6 mil toneladas. Até agora, 90% da área de 10,6 mil hectares já foi colhida.
Tomate: a 1ª safra está praticamente encerrada, com produção de 174,2 mil toneladas. A 2ª safra tem 88% da área colhida e produção estimada em 92,6 mil toneladas.
Cebola: a safra 2025/26 deve alcançar 108 mil toneladas, 16,3% abaixo do ciclo anterior. Do total de 2,8 mil hectares previstos, 85,3% já foram plantados. A maioria das lavouras está em boas condições.
Boletim agropecuário destaca situação da pecuária
O Deral também divulgou o Boletim de Conjuntura Agropecuária (25 a 31 de julho), com destaque para os setores de suinocultura e avicultura:
Suinocultura: os preços ao produtor subiram, mas ainda com margem inferior à do segundo semestre de 2024.
Avicultura de postura: apresentou bom desempenho, com alta nos preços e melhor relação de troca com milho e farelo de soja. As exportações de ovos cresceram significativamente: 33,4 mil toneladas no primeiro semestre, frente a 22,9 mil no mesmo período do ano anterior.
Carne de frango: houve queda nas exportações nacionais devido aos embargos motivados pela gripe aviária no Rio Grande do Sul. Ainda assim, o Paraná lidera no setor, com 1,08 milhão de toneladas embarcadas no primeiro semestre.
Couro bovino: registrou retração nas exportações paranaenses, com 54,2 mil toneladas contra 58,8 mil no mesmo período de 2024.
Próximas estimativas
A primeira projeção da safra 2025/26 será divulgada pelo Deral no dia 28 de agosto.