O papa Leão XIV celebrou neste domingo (19) a missa que marca oficialmente o início de seu pontificado. A cerimônia, realizada na Basílica de São Pedro, no Vaticano, durou cerca de duas horas e foi acompanhada por aproximadamente 150 mil fiéis reunidos na Praça São Pedro.
Antes do início da celebração, o papa percorreu a praça em um papamóvel, saudando os fiéis que aguardavam o início da chamada missa de entronização. O trajeto começou por volta das 9h (horário local) — 4h da manhã no horário de Brasília — e a missa teve início uma hora depois, às 10h locais.
A celebração começou dentro da basílica, onde o pontífice rezou diante do túmulo de São Pedro, acompanhado de cardeais, realizando os primeiros ritos com orações e incensação. Em seguida, seguiu para o altar montado na praça, onde presidiu a missa solene diante da multidão.
Durante o rito, o papa recebeu os símbolos do poder papal, como o Anel do Pescador, que representa a autoridade pontifícia e, tradicionalmente, era usado para selar documentos oficiais. O anel é inutilizado após a morte de cada papa. Leão 14 também recebeu o Pálio, faixa litúrgica de lã branca usada sobre os ombros, símbolo do serviço pastoral.
A missa seguiu os ritos estabelecidos pelo Ordo rituum pro ministerii petrini initio Romae episcopi (Ordem dos Ritos para o Início do Ministério Petrino do Bispo de Roma).
O evento contou com a presença de delegações de mais de 140 países e representantes de dezenas de organizações internacionais. O vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, representou o país. Estiveram presentes também o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que foi recebido pelo papa após a cerimônia.
Desde sua eleição, o papa Leão 14 tem feito apelos por paz no mundo, oferecendo inclusive o Vaticano como espaço neutro para negociações entre Ucrânia e Rússia.
Primeiro discurso: crítica ao sistema econômico e apelo por fraternidade
Em sua homilia, Leão 14 criticou duramente o atual sistema econômico global, afirmando que ele “marginaliza os mais pobres” e explora os recursos da Terra.
“Ainda vemos demasiada discórdia, feridas causadas pelo ódio, violência, preconceitos, medo do diferente e um paradigma econômico que marginaliza os mais pobres”, declarou.
O pontífice também pediu que a Igreja Católica atue como um "fermento de unidade" em meio às divisões do mundo moderno.
“Queremos ser, dentro desta massa, um pequeno fermento de unidade, comunhão e fraternidade. Queremos dizer ao mundo, com humildade e alegria: olhem para Cristo, aproximem-se dele.”
Em tom humilde, ele destacou o papel de serviço que deseja desempenhar:
“Fui escolhido sem qualquer mérito e, com temor e tremor, venho até vocês como um irmão que deseja fazer-se servo da fé e da alegria, percorrendo com vocês o caminho do amor de Deus, que nos quer a todos unidos numa única família.”
Leão 14 também reforçou que o papa “não pode ser dono das pessoas”, mas sim alguém que caminha junto aos fiéis.
“Um papa não pode ser um líder solitário ou um chefe acima dos outros. Deus quer todos unidos em uma única família.”