Morre Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, aos 89 anos

Da Redação
13/05/2025 16h47 - Atualizado há 16 horas

Morre Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, aos 89 anos
Reprodução/Redes Sociais

José "Pepe" Mujica, ex-presidente do Uruguai, faleceu nesta terça-feira (13), aos 89 anos. A morte foi confirmada pelo atual presidente uruguaio, Yamandú Orsi, que se referiu a Mujica como “colega, líder e símbolo de amor pelo povo”.

“Sentiremos muita falta de você, querido velho. Obrigado por tudo o que nos deu”, escreveu Orsi nas redes sociais.

Em abril de 2024, Mujica revelou que enfrentava um câncer no estômago em estágio avançado, agravado por uma doença autoimune que comprometia seus rins há mais de duas décadas.

Trajetória marcada pela luta e simplicidade
Nascido em Montevidéu em 20 de maio de 1935, Mujica ficou conhecido inicialmente por sua atuação no grupo guerrilheiro Tupamaros, que nos anos 1960 realizava ações como assaltos a bancos para redistribuir recursos à população carente. Durante o regime militar uruguaio (1973–1985), foi capturado, torturado e mantido por 14 anos como preso político, boa parte em regime de isolamento.

Com a redemocratização, foi libertado em 1985 graças a uma lei de anistia. Ingressou na política institucional, ajudando a fundar o Movimento de Participação Popular (MPP), ligado à coalizão de esquerda Frente Ampla. Elegeu-se deputado em 1994, senador em 1999 e, em 2005, foi nomeado ministro da Agricultura no governo de Tabaré Vázquez.

Em 2010, Mujica foi eleito presidente do Uruguai, cargo que ocupou até 2015. Seu governo se destacou pelo aumento nos investimentos sociais e por reformas marcantes, como a legalização da maconha e a ampliação do salário mínimo em 250%.

Famoso por seu estilo de vida austero, Mujica morava em um sítio simples com a esposa, Lucía Topolansky, e dirigia ele mesmo seu Fusca 1987 até o Palácio do Governo. Recusou os privilégios do cargo e doava cerca de 90% de seu salário para causas sociais.

Após deixar a presidência, retornou ao Senado, onde permaneceu até 2020, quando renunciou por motivos de saúde. Nos últimos anos, dedicou-se à vida no campo e ao cultivo de sua horta.

Embora não seguisse nenhuma religião, Mujica declarou em entrevistas ser quase panteísta. Em suas palavras: “Não tenho religião, mas admiro profundamente a natureza”.

Com uma trajetória marcada por resistência, idealismo e simplicidade, Mujica deixa um legado político e humano que ultrapassa as fronteiras do Uruguai.


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