Como o Oscar impacta o cinema brasileiro?

Leomar Peruzzo, especial para o Paraná em Destaque
27/02/2025 21h55 - Atualizado há 2 semanas

Como o Oscar impacta o cinema brasileiro?
Foto: Divulgação

O Oscar, maior premiação do cinema mundial, não é apenas uma celebração da sétima arte, como também um reflexo das dinâmicas culturais, econômicas e políticas que moldam a indústria cinematográfica. Para o Brasil, a presença — ou a ausência — nessa cerimônia tem um impacto significativo, não apenas no reconhecimento internacional de nossos filmes, mas também na forma como o cinema nacional é percebido e valorizado dentro e fora do país. 

Ao longo das décadas, o Brasil teve momentos marcantes no Oscar. Filmes como O Pagador de Promessas (1962), Central do Brasil (1998) e Cidade de Deus (2003) não apenas concorreram à estatueta, bem como colocaram a cultura brasileira em evidência, mostrando ao mundo nossas histórias, nossa diversidade e nossa capacidade de produzir arte de qualidade. Essas indicações não só elevam o prestígio dos cineastas e atores envolvidos, mas abrem portas para novas oportunidades de financiamento, coproduções internacionais e maior visibilidade para o cinema nacional. 

Recentemente, o filme brasileiro Ainda Estou Aqui (2023) trouxe novo fôlego ao cinema nacional ao ser indicado ao Oscar. A obra, que retrata uma história profundamente humana e emocionante, ressalta a capacidade do Brasil de produzir narrativas universais que ressoam com audiências globais. Essa indicação não apenas celebra o talento dos profissionais envolvidos, assim como reforça a importância de investir em produções que valorizem nossa identidade cultural e nossa capacidade de contar histórias autênticas. 

No entanto, o impacto do Oscar vai além das premiações. A simples menção de um filme brasileiro na corrida pela estatueta já é capaz de gerar um efeito cascata. Festivais internacionais passam a incluir o filme em suas programações, distribuidoras estrangeiras se interessam em exibi-lo e o público global passa a enxergar o Brasil como um polo criativo. Isso fortalece a indústria cinematográfica nacional, incentivando novos talentos e projetos. 

Por outro lado, é importante refletir sobre os desafios que o cinema brasileiro enfrenta para alcançar esse patamar. A falta de investimento contínuo em produção e distribuição, a concorrência desleal com blockbusters estrangeiros e a necessidade de políticas públicas mais eficazes são obstáculos que precisam ser superados. O Oscar, nesse sentido, serve como um espelho: revelando nossas conquistas e as lacunas que precisam ser preenchidas para que o Brasil se consolide como uma potência cultural global. 

Além disso, o Oscar também nos convida a pensar sobre a representação da cultura nacional no exterior. Que histórias estamos contando? Que narrativas estamos exportando? É essencial que o cinema brasileiro continue a explorar sua diversidade, retratando não somente as belezas e desafios do país, mas também suas múltiplas identidades e realidades. 

Em síntese, o Oscar é mais do que uma premiação; é uma janela para o mundo. Para o cinema brasileiro, estar nesse palco global é uma oportunidade única de mostrar nossa cultura, nossa criatividade e nossa capacidade de emocionar e inspirar. A indicação de Ainda Estou Aqui é um exemplo recente e inspirador desse potencial. Cabe a nós, como produtores culturais, espectadores e amantes da arte, valorizar e apoiar esse movimento, garantindo que o Brasil continue a brilhar no cenário internacional. 

Por Leomar Peruzzo, coordenador do curso em Produção Cultural na UNIASSELVI 


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