O renomado ator Gene Hackman, de 95 anos, e sua esposa, a pianista Betsy Arakawa, de 63 anos, foram encontrados mortos em sua residência no Novo México nesta quinta-feira (27). O cachorro do casal também foi encontrado sem vida.
O xerife de Santa Fé, Adan Mendoza, informou que não há indícios imediatos de crime, mas não divulgou a causa das mortes nem o momento exato em que ocorreram. A Press Association confirmou que há uma "investigação ativa" em andamento. "Estamos no meio de uma investigação preliminar de morte, aguardando a aprovação de um mandado de busca", declarou Mendoza na quarta-feira à noite, antes da identificação dos corpos. "Quero assegurar à comunidade e à vizinhança que não há perigo imediato para ninguém."
Hackman residia em Santa Fé desde a década de 1980 e era casado com Arakawa desde 1991. Com uma carreira que se iniciou no início dos anos 1960, o ex-fuzileiro naval participou de mais de 80 filmes, além de trabalhos na televisão e no teatro. Ele foi casado duas vezes e teve três filhos.
Nascido durante a Grande Depressão em Illinois, Hackman teve uma infância marcada por desafios, incluindo o abandono do pai aos 13 anos e a morte da mãe em um incêndio. Aos 16 anos, alistou-se na Marinha dos Estados Unidos, mentindo sobre sua idade. Essas experiências pessoais influenciaram suas interpretações no cinema. "As famílias disfuncionais geraram uma quantidade muito boa de atores", afirmou Hackman em entrevista ao The Guardian em 2002.
Sua carreira artística começou no final dos anos 1950, no mesmo teatro onde Dustin Hoffman também atuava. Ambos foram considerados os "menos prováveis de alcançar o sucesso", segundo o The Guardian. Hackman estreou no cinema com "Lilith" (1964), contracenando com Warren Beatty, e ganhou destaque em "Bonnie e Clyde - Uma Rajada de Balas" (1967), que lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar.
Ele conquistou seu primeiro Oscar por "Operação França" (1971), interpretando o detetive Jimmy "Popeye" Doyle. Em 2021, em entrevista ao New York Post, refletiu sobre o filme: "Cinema sempre foi arriscado, física e emocionalmente. Mas eu escolho considerar esse filme um bom momento numa carreira estampada de acertos e erros." O segundo Oscar veio em 1992, pelo papel do xerife "Little Bill" Daggett em "Os Imperdoáveis", de Clint Eastwood.
O diretor Francis Ford Coppola, que trabalhou com Hackman em "A Conversação" (1974), lamentou a perda: "A perda de um grande artista sempre causa tanto luto quanto celebração. Gene Hackman, um grande ator, inspirador e magnífico em seu trabalho e complexidade. Lamento sua perda e celebro sua existência e contribuição."
Hackman continuou atuando até os 70 anos, quando decidiu se afastar dos holofotes e viver com sua segunda esposa em Santa Fé, dedicando-se à escrita e à pintura. Seus últimos trabalhos no cinema incluem "O Assalto" e "Os Excêntricos Tenenbaums" (ambos de 2001), sendo que este último lhe rendeu seu terceiro Globo de Ouro. Em 2008, anunciou oficialmente sua aposentadoria.