Daniel Castellano / SMCS Curitiba definiu dez propostas para enfrentar a emergência climática até o ano de 2050. O documento foi construído de forma coletiva durante a 5ª Conferência Municipal do Meio Ambiente, que aconteceu na terça-feira (5/11), no Salão de Atos do Parque Barigui.
Durante a conferência também foram definidos os delegados que irão representar Curitiba na Conferência Estadual do Meio Ambiente, que será realizada em 2025. As propostas de Curitiba também serão enviadas para a reunião estadual.
Entre as definições sugeridas estão o aumento da frota de ônibus da cidade, aumentar a integração, desestimular o uso de carro, incentivar que as pessoas caminhem mais e estabelecer metas para redução progressiva de emissão de gás carbônico, por exemplo.
Quem participou
A 5ª Conferência Municipal do Meio Ambiente reuniu lideranças da comunidade, representantes do poder público e do setor privado para a reflexão e construção de ideias para a prevenção e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Cerca de 200 pessoas participaram do fórum. O tema foi “Emergência Climática: o desafio da transformação ecológica”.
A conferência foi organizada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) e precede as conferências estadual e nacional do meio ambiente, que serão realizadas no próximo ano.
“Entendemos que as ações da capital são muito importantes para todo o estado e Curitiba se apresenta com uma gestão que atua de forma ativa nos cuidados com o meio ambiente, inclusive através do PlanClima”, destacou o superintendente de Controle Ambiental da SMMA, Ibson Martins de Campos, ao citar o Plano de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas de Curitiba.
Construção coletiva
Para o presidente da Associação de Catadores Cidade Mais Limpa, Edson Rodrigues Alves, a participação na conferência foi uma forma de se manter atualizado sobre o que está sendo discutido, mas também de atuar ativamente na estruturação de políticas públicas, como cidadão que vivencia seus impactos.
“O Ecocidadão é muito relacionado aos cuidados ambientais, e a gente vê no dia a dia, por exemplo, que ainda há pessoas que não fazem a separação do lixo, o que mostra que a população precisa continuar sendo conscientizada, para valorizar nosso planeta”, contou Alves.
Também participaram da conferência alunos da turma de pós-graduação do Instituto Municipal de Administração Pública (Imap) em Políticas Públicas e Mudanças Climáticas. A aluna e gerente de alta complexidade da diretoria de Atenção à Pessoa em Situação de Rua da Fundação de Ação Social, Luciane Savi, relatou que a construção coletiva é uma forma de garantir que mais vozes sejam ouvidas.
“Ter um grupo diverso pensando é muito importante. Para mim, especificamente que sou da FAS, estamos preocupados com as pessoas em situação de vulnerabilidade social, que são as principais vítimas das consequências da emergência climática. Nossa participação visa garantir que esses grupos sejam considerados, acolhidos e protegidos”, explicou Luciane.
Conheça as propostas de Curitiba
Eixo temático I – Mitigação
Proposta 1: Propostas sobre aumento da frota de ônibus, melhoria da integração, desestimular o uso de carro, rodízios nos grandes centros. Aumentar calçadas para pedestres serem estimulados a andar; ciclofaixas; regime home office. Trabalhar com diagnóstico e porcentagem (inventário de emissão), exemplo: cada cidade tem sua especificidade sobre qual a necessidade, em grandes centros o aumento da frota de transporte público funciona, porém em pequenas cidades, o incentivo ao pedestre e ao ciclista.
Proposta 2: Estabelecer metas para redução progressiva de emissão de CO² baseada em um inventário de emissão a fim de atingir neutralidade até 2050.
Eixo temático II- Adaptação e Preparação para desastres
Proposta 1: Obrigatoriedade da destinação de recursos financeiros, humanos e materiais para o mapeamento de análise de riscos socioambientais, monitoramento hidrometeorológico e para a prevenção de desastres por meio da legislação específica.
Proposta 2: Inserção permanente do tema desastres ambientais de um plano de comunicação (municipal/estadual/federal) e formação especializada em mudanças climáticas.
Eixo temático III – Justiça Climática
Proposta 1: Propostas de adaptação e compensação climática com ações inclusivas, como projetos, consultas públicas, campanhas e processos formativos, promovendo justiça e equidade para comunidades vulneráveis.
Proposta 2: Incentivos fiscais para um fundo de habitação social com práticas sustentáveis, priorizando áreas de vulnerabilidade ambiental, social e climática, com apoio técnico e financeiro para esses projetos.
Eixo temático IV – Transformação Ecológica
Proposta 1: Propor programas de educação cidadã para proteger mananciais e preservar a água, incentivar a economia circular na indústria com foco na reciclagem, como baterias de veículos elétricos, e descarbonizar o transporte público com ônibus elétricos. Expandir ciclovias e corredores verdes, além de incluir comunidades na criação de soluções de transporte que gerem emprego e atendam às necessidades locais, promovendo mobilidade ativa e sustentável.
Proposta 2: Diagnosticar, monitorar e integrar bancos de dados georreferenciados de organizações públicas e privadas para apoiar a transição energética e geológica, promover a descarbonização e o uso de fontes renováveis. Desenvolver ações de Educação Ambiental, Agricultura Urbana sustentável e economia.
Eixo temático V – Governança e Educação Ambiental
Proposta 1: Criar um Fórum Permanente visando reunir representantes de diferentes setores da sociedade para a promoção, discussão e elaboração de seções sobre a Educação Ambiental e a Educação Climática na cidade de Curitiba.
Proposta 2: Ofertar programas de formação continuada para lideranças comunitárias e sociedade civil (tais como comunidades esportivas, religiosas, conselhos de direito, coletivo, grupos, etc.) para disseminar a educação ambiental na comunidade.