Ele participou do Fórum do Agronegócio, promovido pela Ric TV e Sociedade Rural do Paraná (SR) com outras lideranças empresariais, no Pavilhão Smart Agro da ExpoLondrina. O evento teve a mediação do jornalista José Luiz Tejon, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS).
Durante a palestra, Loyola destacou a empresários e lideranças rurais que o arcabouço fiscal do governo, embora não seja o ideal, talvez seja suficiente para permitir a queda dos juros da Taxa Selic ao longo do ano, atualmente em 13,75%, bem como a redução da inflação, que já deu sinais de queda, mas continua acima da meta. “O arcabouço é positivo no sentido de que evita uma explosão maior da dívida pública”, afirmou Loyola.
A uma plateia atenta, o ex-presidente do BC criticou a disputa travada pelo governo contra a condução da política monetária. “O que não pode é essa briga do presidente (Lula) com o Banco Central. Essa pressão sobre o BC leva à ideia de que o banco vai deixar de ser independente, que a inflação pode subir, gerando incertezas desnecessárias”, avaliou.
Considerando o agronegócio como a “salvação da lavoura”, Loyola projeta que o setor vai crescer 3,8%, um crescimento maior do que o Brasil, mas isso vai depender da política de como o governo vai se relacionar com o Congresso e como vai se desenrolar a pauta da Reforma Tributária, entre outras ações”, afirmou. Para ele, o mercado de commodities já se normalizou, apesar das incertezas em relação à Guerra da Ucrânia, mas num cenário básico os fluxos estão mais ou menos estabelecidos.
“E, obviamente, como a gente sabe, no curto prazo o preço das commodities é muito determinado pelas condições de oferta, as quais estão relacionadas às questões climáticas. Acredito numa certa estabilidade em termos reais de preços, sujeitos, obviamente, a questões de flutuações de safra, estoques, que fazem parte da gestão do dia a dia do agronegócio”, complementou. Na visão de Loyola, a guerra do Leste Europeu trouxe oportunidades para o Brasil. “Somos um mercado emergente que sofre muito pouco com guerras, não temos grandes problemas ambientais, nem vizinhos agressivos.
O Brasil é um país imune a essas questões. Por outro lado, temos um regime político estável, apesar de tudo aquilo que a gente critica nele, do que muitos países emergentes. Temos várias oportunidades de investimentos”.
Outro contexto internacional que favorece o país é a questão ambiental. Segundo ele, o Brasil pode se constituir num grande player neste aspecto, pois tem ativos ambientais que podem ser rentabilizados.
“Temos que ver a preocupação socioambiental global não como uma ameaça ao Brasil, mas como uma oportunidade. Poucos países têm os ativos ambientais, condições de sequestrar carbono e de substituir matrizes energéticas de combustíveis fósseis como o Brasil tem. O que nos falta talvez, seja uma visão de políticas que alavanquem esses potenciais que nós temos”, declarou. Sobre o cenário doméstico, Loyola disse que há incertezas sobre a pauta da política econômica. “Os primeiros 100 dias do governo Lula mostram alguns acertos e muitos retrocessos. Retrocessos às questões relacionadas ao marco regulatório do saneamento, por exemplo. Se fosse para dar uma nota para o governo até o momento, daria 5”,