As informações chegam até nós em uma velocidade inimaginável há algumas décadas. Verdadeiras, falsas, duvidosas, tendenciosas, um vasto leque bombardeia as redes sociais, jornais online, televisivos, canais de várias plataformas. A questão é que de tudo o que lemos ou ouvimos pouco fica de fato na memória. E é justo esse ponto que gostaria de focar: o registro na memória. Diante da imensidão - e a palavra não é exagero - de informações que recebemos cotidianamente, muitas, para não dizer a maioria, não nos interessa de forma efetiva. Não têm valor na nossa vida prática. Ou porque são as famosas fofocas inerentes à vida dos famosos; ou porque são sobre narrativas de tragédias que aos montes são descritas nas páginas policiais; ou ainda porque exageram fatos para prender o leitor/espectador. Como isso nos prejudica? Nossa mente vai recebendo tudo ao longo do dia, nem todo o conteúdo recebido é grafado no córtex, mas vai acarretando cansaço, estresse, sobretudo porque se soma às informações e às questões práticas do dia a dia. O cérebro é como uma esponja, absorve tudo como se água fosse. Descansar a mente. Saber filtrar o que vale a pena ou não despender tempo; dispor de um espaço para refletir sobre o que leu, sobre o que ouviu, formando um juízo de valor são ações relativamente simples, as quais, por certo, vão nos preparando para separar o joio do trigo, o banal do essencial, o dispensável do necessário. E dentro desses bons adjetivos cabe sempre a leitura de um bom texto literário. Isso porque, como bem ponderou Antônio Cândido, um dos maiores críticos da literatura brasileira,
a literatura tem sido um instrumento poderoso de instrução e educação, sendo proposta a cada um como equipamento intelectual e afetivo. Os valores que a sociedade preconiza, ou os que considera prejudicais, estão presentes nas diversas manifestações da ficção, da poesia e da ação dramática. A literatura confirma e nega, propõe e denuncia, apoia e combate, fornecendo a possibilidade de vivermos dialeticamente os problemas. Dessa forma, ouça, cante, assista, mas tire um tempo para dedicar a sua atenção à leitura.