21/07/2023 às 20h56min - Atualizada em 21/07/2023 às 20h54min

Festival de cinema infanto-juvenil vai até este domingo, 23 de julho, e terá sessões gratuitas no CIC

Vida, viagem & gastronomia

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Por Simone Bello e Adriano Rattmann

 

 
  • Mais de 5 mil pessoas já foram impactadas pela segunda edição do SACI, que recebe 46 produções cinematográficas de 12 países diferentes

  • Seleção de curta metragens ficará disponível online ao fim do festival

 

 

Mais de 5 mil crianças e adultos já foram impactados pelos filmes, debates e área recreativa do SACI. (Crédito da foto: Arthur Guerino)

 

Vai até domingo, 23 de julho, o SACI - 2º Festival Internacional de Cinema Infantil. Em sua segunda edição, a mostra apresenta 46 filmes de 12 países diferentes. O Museu Oscar Niemeyer ganhou estrutura de cinema para protagonizar o evento, que até o momento já impactou mais de 5 mil pessoas com seus filmes, debates e área recreativa. “Mesmo quem não assistiu uma sessão específica pôde aproveitar a área externa e as atividades da equipe de arte educação, fazendo o festival acontecer para além do auditório”, diz Rafael Perry, idealizador do SACI.

 

O último final de semana do evento terá também sessões gratuitas no Teatro da Vila (CIC). As exibições no CIC fazem parte da mostra competitiva e vão acontecer às 15h de sábado e domingo, 22 e 23 de julho. Ao fim dos dez dias de festival, os curta-metragens exibidos ficarão disponíveis em saci.art.br.

 

A ideia do SACI é contribuir com a oferta de atividades culturais, com foco na produção cinematográfica contemporânea para o público das mais diversas faixas etárias. “São obras que divertem enquanto discutem temas universais e oferecem uma perspectiva de outras culturas, estéticas e realidades”, conta Perry.

 

Tela grande também é para os pequenos

 

A maratona de exibições na tela grande para gente pequena é também uma oportunidade para que as férias de julho tenham menos telinhas nas mãos, propõe Perry. E que as famílias possam refletir sobre o uso intensivo de telas e smartphones pelas crianças. Se hoje o público jovem é intensamente bombardeado por conteúdos rápidos e micronarrativas, o festival propõe justamente outro ritmo de consumo do audiovisual, com conteúdo selecionado por especialistas e reflexão sobre os temas abordados pelos filmes.

 

Para facilitar a escolha das sessões, a curadoria fez indicações etárias a partir de 2, 4, 5, 8 e 10 anos de idade em sessões de 50 minutos, que podem reunir vários títulos de curta metragem, sob temáticas como enfrentamentos, aprendizados sobre si e o mundo, perdas, tecnologias e saberes, sobretudo o protagonismo infantil e a pluralidade das infâncias.

 

O SACI também convida familiares, profissionais de educação e interessados em geral na arte do cinema para bate-papos sobre o papel da cultura da infância no audiovisual brasileiro, identidades e outras infâncias possíveis.

 

“Disparadores de bons diálogos”

 

A escolha dos filmes passou pelo olhar atento das curadoras Célia Catunda, Isabela Silveira e Marília Hughes Guerreiro, três nomes de expressão nacional no audiovisual brasileiro e em Cultura Infância. “Todos os públicos estão em constante formação, mas o contato das crianças com as obras artísticas é especialmente marcante porque elas estão formando suas primeiras referências”, conta Isabela, que é gestora cultural e pesquisadora das infâncias.

 

Coordenadora e curadora do Panorama Internacional Coisa de Cinema, Marília Hughes ressalta que o engajamento dos pais é importante também para desdobrar os temas após as sessões: “Os filmes podem ser disparadores de bons diálogos”.

A personagem Ceci (Ailén Roberto) recebeu as crianças na sessão de abertura do festival (Crédito da foto: Arthur Guerino)

 

Quanto à escolha das obras nacionais, Célia Catunda, que é também diretora das séries “Peixonauta” e “O Show da Luna!”, destaca o cuidado na escolha de filmes que aproximem as crianças da realidade brasileira. “A ideia é que essas histórias não ocupem apenas o lugar de folclore. São narrativas que fazem parte da nossa cultura.”

 

A pandemia e o desafio dos temas complexos

 

Dentre 160 filmes assistidos, 34 foram selecionados para a mostra competitiva - que receberá votos também das crianças - e outros 12 para a mostra principal. Depois de se debruçarem sobre tantas obras, as três curadoras observaram que a pandemia também se refletiu na produção cinematográfica. 

 

Elas perceberam a predominância de temas como perdas e isolamento, o que exigiu um olhar extra para o equilíbrio da mostra. “Aos poucos, fomos encontrando abordagens mais leves sobre assuntos densos”, explica Célia.

 

Um bom exemplo é o filme Dounia e a Princesa de Aleppo, ambientado num cenário conturbado. "Pensar sobre os conflitos armados e em disputas para além dos aspectos geopolíticos é essencial. E quando focados nas infâncias impactadas por tais disputas, os produtos culturais se tornam especialmente relevantes. Dounia e a Princesa de Aleppo reúne protagonismo infantil, a riqueza da diversidade cultural e uma perspectiva transgeracional de forma rica e complexa, afirmando-se como um filme único para abordar a temática", diz Isabela Silveira, que também assina a coordenação do setor educativo do festival.

 

Mostra Saci tem todas as sessões dubladas

 

Além de 15 obras brasileiras, o festival conta com filmes de outras 11 nacionalidades. Diante de tamanha diversidade de idiomas, o SACI investiu mais uma vez em um de seus principais diferenciais: a dublagem de cem por cento dos títulos estrangeiros. O trabalho, assim como na primeira edição, foi todo feito em Curitiba por atores adultos e infantis, envolvendo 150 horas de gravação em estúdio, com 51 vozes e uma equipe técnica de 12 pessoas, entre diretores, editores e mixadores.

 

“A ideia de produzir as dublagens originais em estúdio é possibilitar, além do acesso ao conteúdo pelas crianças não alfabetizadas, que os filmes possam ser revistos em mostras futuras do SACI e de outros projetos. As dublagens também contribuem com o fomento à economia criativa da cidade e a criação de postos de trabalho para técnicos, atores e atrizes", diz a co-idealizadora do festival, Isadora Flores, lembrando que ainda haverá sessões com LSE - legendas descritivas,com audiodescrição, para a inclusão de crianças e adultos com deficiência.

 

A mostra é uma oportunidade para toda a família ter contato com filmes inéditos no Brasil (Crédito da foto: Arthur Guerino)

Livre para todos

 

No Brasil, são poucos os festivais exclusivamente voltados ao público infantil, por isso as curadoras ressaltam que o SACI é uma oportunidade de formação de público e de linguagem. As obras estão categorizadas considerando cada faixa etária indicada e seus assuntos de interesse, para ajudar os pais a escolherem a melhor opção.

 

A seleção passou também por uma curadoria diversa do ponto de vista técnico. Há, por exemplo, filmes no formato live action, documentário, stop motion e animação. 

 

O Saci é realizado pela Infinitoo e Isadora Flores Produção Cultural, com recursos da Lei de Incentivo à Cultura, por meio do Ministério da Cultura e Governo Federal. É patrocinado pela Oregon, apoiado pela Aços Continente e conta com a colaboração da Grasp. Também tem o apoio institucional do Museu Oscar Niemeyer (MON), Instituto Francês, Embaixada da França no Brasil e Aliança Francesa de Curitiba.

 

SERVIÇO

 

SACI - 2º Festival Internacional de Cinema Infantil

Programação completa e ingressos em saci.art.br

 

Quando: 14 a 23 de julho de 2023, em Curitiba

Onde: Museu Oscar Niemeyer (MON), Cine Passeio e Teatro da Vila (CIC)

Ingressos: Os ingressos podem ser comprados no site saci.art.br/ingressos para sessões individuais, ou no formato “passe livre” para 1, 3 ou 10 dias. (As sessões do Cine Passeio e do Teatro da Vila, no bairro CIC, serão gratuitas)

Origem das obras: Alemanha, Brasil, Canadá, Chile, Espanha, França, México, Noruega, Países Baixos, Panamá, Portugal e Quirguistão.
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