Mais de 5 mil pessoas já foram impactadas pela segunda edição do SACI, que recebe 46 produções cinematográficas de 12 países diferentes
Seleção de curta metragens ficará disponível online ao fim do festival
Mais de 5 mil crianças e adultos já foram impactados pelos filmes, debates e área recreativa do SACI. (Crédito da foto: Arthur Guerino)
Vai até domingo, 23 de julho, o SACI - 2º Festival Internacional de Cinema Infantil. Em sua segunda edição, a mostra apresenta 46 filmes de 12 países diferentes. O Museu Oscar Niemeyer ganhou estrutura de cinema para protagonizar o evento, que até o momento já impactou mais de 5 mil pessoas com seus filmes, debates e área recreativa. “Mesmo quem não assistiu uma sessão específica pôde aproveitar a área externa e as atividades da equipe de arte educação, fazendo o festival acontecer para além do auditório”, diz Rafael Perry, idealizador do SACI.
O último final de semana do evento terá também sessões gratuitas no Teatro da Vila (CIC). As exibições no CIC fazem parte da mostra competitiva e vão acontecer às 15h de sábado e domingo, 22 e 23 de julho. Ao fim dos dez dias de festival, os curta-metragens exibidos ficarão disponíveis em saci.art.br.
A ideia do SACI é contribuir com a oferta de atividades culturais, com foco na produção cinematográfica contemporânea para o público das mais diversas faixas etárias. “São obras que divertem enquanto discutem temas universais e oferecem uma perspectiva de outras culturas, estéticas e realidades”, conta Perry.
Tela grande também é para os pequenos
A maratona de exibições na tela grande para gente pequena é também uma oportunidade para que as férias de julho tenham menos telinhas nas mãos, propõe Perry. E que as famílias possam refletir sobre o uso intensivo de telas e smartphones pelas crianças. Se hoje o público jovem é intensamente bombardeado por conteúdos rápidos e micronarrativas, o festival propõe justamente outro ritmo de consumo do audiovisual, com conteúdo selecionado por especialistas e reflexão sobre os temas abordados pelos filmes.
Para facilitar a escolha das sessões, a curadoria fez indicações etárias a partir de 2, 4, 5, 8 e 10 anos de idade em sessões de 50 minutos, que podem reunir vários títulos de curta metragem, sob temáticas como enfrentamentos, aprendizados sobre si e o mundo, perdas, tecnologias e saberes, sobretudo o protagonismo infantil e a pluralidade das infâncias.
O SACI também convida familiares, profissionais de educação e interessados em geral na arte do cinema para bate-papos sobre o papel da cultura da infância no audiovisual brasileiro, identidades e outras infâncias possíveis.
“Disparadores de bons diálogos”
A escolha dos filmes passou pelo olhar atento das curadoras Célia Catunda, Isabela Silveira e Marília Hughes Guerreiro, três nomes de expressão nacional no audiovisual brasileiro e em Cultura Infância. “Todos os públicos estão em constante formação, mas o contato das crianças com as obras artísticas é especialmente marcante porque elas estão formando suas primeiras referências”, conta Isabela, que é gestora cultural e pesquisadora das infâncias.
Coordenadora e curadora do Panorama Internacional Coisa de Cinema, Marília Hughes ressalta que o engajamento dos pais é importante também para desdobrar os temas após as sessões: “Os filmes podem ser disparadores de bons diálogos”.
A personagem Ceci (Ailén Roberto) recebeu as crianças na sessão de abertura do festival (Crédito da foto: Arthur Guerino)
Quanto à escolha das obras nacionais, Célia Catunda, que é também diretora das séries “Peixonauta” e “O Show da Luna!”, destaca o cuidado na escolha de filmes que aproximem as crianças da realidade brasileira. “A ideia é que essas histórias não ocupem apenas o lugar de folclore. São narrativas que fazem parte da nossa cultura.”
A pandemia e o desafio dos temas complexos
Dentre 160 filmes assistidos, 34 foram selecionados para a mostra competitiva - que receberá votos também das crianças - e outros 12 para a mostra principal. Depois de se debruçarem sobre tantas obras, as três curadoras observaram que a pandemia também se refletiu na produção cinematográfica.
Elas perceberam a predominância de temas como perdas e isolamento, o que exigiu um olhar extra para o equilíbrio da mostra. “Aos poucos, fomos encontrando abordagens mais leves sobre assuntos densos”, explica Célia.
Um bom exemplo é o filme Dounia e a Princesa de Aleppo, ambientado num cenário conturbado. "Pensar sobre os conflitos armados e em disputas para além dos aspectos geopolíticos é essencial. E quando focados nas infâncias impactadas por tais disputas, os produtos culturais se tornam especialmente relevantes. Dounia e a Princesa de Aleppo reúne protagonismo infantil, a riqueza da diversidade cultural e uma perspectiva transgeracional de forma rica e complexa, afirmando-se como um filme único para abordar a temática", diz Isabela Silveira, que também assina a coordenação do setor educativo do festival.
Mostra Saci tem todas as sessões dubladas
Além de 15 obras brasileiras, o festival conta com filmes de outras 11 nacionalidades. Diante de tamanha diversidade de idiomas, o SACI investiu mais uma vez em um de seus principais diferenciais: a dublagem de cem por cento dos títulos estrangeiros. O trabalho, assim como na primeira edição, foi todo feito em Curitiba por atores adultos e infantis, envolvendo 150 horas de gravação em estúdio, com 51 vozes e uma equipe técnica de 12 pessoas, entre diretores, editores e mixadores.
“A ideia de produzir as dublagens originais em estúdio é possibilitar, além do acesso ao conteúdo pelas crianças não alfabetizadas, que os filmes possam ser revistos em mostras futuras do SACI e de outros projetos. As dublagens também contribuem com o fomento à economia criativa da cidade e a criação de postos de trabalho para técnicos, atores e atrizes", diz a co-idealizadora do festival, Isadora Flores, lembrando que ainda haverá sessões com LSE - legendas descritivas,com audiodescrição, para a inclusão de crianças e adultos com deficiência.
A mostra é uma oportunidade para toda a família ter contato com filmes inéditos no Brasil (Crédito da foto: Arthur Guerino)
Livre para todos
No Brasil, são poucos os festivais exclusivamente voltados ao público infantil, por isso as curadoras ressaltam que o SACI é uma oportunidade de formação de público e de linguagem. As obras estão categorizadas considerando cada faixa etária indicada e seus assuntos de interesse, para ajudar os pais a escolherem a melhor opção.
A seleção passou também por uma curadoria diversa do ponto de vista técnico. Há, por exemplo, filmes no formato live action, documentário, stop motion e animação.
O Saci é realizado pela Infinitoo e Isadora Flores Produção Cultural, com recursos da Lei de Incentivo à Cultura, por meio do Ministério da Cultura e Governo Federal. É patrocinado pela Oregon, apoiado pela Aços Continente e conta com a colaboração da Grasp. Também tem o apoio institucional do Museu Oscar Niemeyer (MON), Instituto Francês, Embaixada da França no Brasil e Aliança Francesa de Curitiba.
SERVIÇO
SACI - 2º Festival Internacional de Cinema Infantil
Programação completa e ingressos em saci.art.br
Quando: 14 a 23 de julho de 2023, em Curitiba
Onde: Museu Oscar Niemeyer (MON), Cine Passeio e Teatro da Vila (CIC)
Ingressos: Os ingressos podem ser comprados no site saci.art.br/ingressos para sessões individuais, ou no formato “passe livre” para 1, 3 ou 10 dias. (As sessões do Cine Passeio e do Teatro da Vila, no bairro CIC, serão gratuitas)
Origem das obras: Alemanha, Brasil, Canadá, Chile, Espanha, França, México, Noruega, Países Baixos, Panamá, Portugal e Quirguistão.